O dedo de Cunha nas “contribuições” para Kataguiri e o MBL pelo impeachment. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 11 de dezembro de 2015 às 8:46

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O deputado Eduardo Cunha tem outra tropa de choque além daquela da Câmara que aparece diariamente na TV dando lição de gangsterismo no Conselho de Ética.

É o Movimento Brasil Livre, o MBL. Em maio, lideranças do grupo estiveram em Brasilia para uma imortal foto com Cunha num salão, todos com um inexplicável dedinho indicador para cima.

Depois das denúncias do Ministério Público contra o Cunha, o pessoal ensaio uma retirada. Com o tempo, à medida em que se percebeu que o chefe continua absolutamente livre para agir, o MBL retomou o casamento.

Cunha e os kataguiris são feitos do mesma natureza corrupta. O velho apenas é mais esperto e, em sua desfaçatez, mais sincero.

Nós já falamos aqui de Renan Haas, ou Renan Santos, o fundador da milícia que aparece com nomes diferentes em processos na Justiça. Até recentemente, o link “Transparência” do site do MBL não abria.

Agora eles pedem dinheiro para um “esquenta” do impeachment, o protesto do dia 13, na conta de Kim Kataguiri, conhecido como Japonês Ruinzinho. Ora, eles têm uma sede, produzem vídeos, contratam caminhões de som etc — e tão têm um CNPJ? Por quê?

Como Cunha, o MBL aposta em milhares de idiotas úteis. Os mesmos que vão dar grana para KK, acreditando que ele prestará contas a eles. Kataguiri vai declarar à Receita Federal? É sempre bom lembrar que esses honestos liberais acham que pagar imposto é alimentar o estado inchado e todos aqueles clichês que servem de argumentos para uma pilantragem qualquer.

Numa entrevista recente à Folha, Kataguiri (anote: Santander; AG 0157; CC 01038617-5; CPF 393134958-64) explicitou a estratégia dos rapazes com relação a estender a crise do afastamento de Dilma: “A população tem que ter esse tempo para compreender o crime fiscal e, ao mesmo tempo, sentir as consequências da crise gerada pela própria presidente.”

Leia-se: queremos que os brasileiros, perdoe meu latim, se fodam. Recursos sabe-se lá vindos de onde são usados para patrocinar posts no Facebook convocando para manifestações. Robôs pressionam deputados por email e atacam seus perfis oficiais. Tudo na luta contra a corrupção e o bolivarianismo.

Cunha não é um homem dado à efusividade — aliás, como psicopata, as demonstrações de afeto lhe são impraticáveis. Mas certamente seu olho brilha ao ver como seus meninos foram longe.

 

"Meu garoto"
“Meu garoto”
Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.