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O desespero cafajeste de Cunha diante do isolamento. Por Kiko Nogueira

Ele

 

De acordo com o Terra, as redes sociais se encheram de gente, hoje, perguntando “quem é Eduardo Cunha”. A cadeia — cadeia — de rádio e TV que ele convocou serve para que se apresente a quem não o conhece.

Mas o Cunha que será visto e ouvido não é o mesmo de 48 horas atrás, mas um político em estado de choque, lidando de maneira abjeta e eventualmente suicida com a fogueira em que está metido.

Uma coisa é cair de pé. Outra é sair atirando e criando inimigos no mais absoluto desespero canalha.

Eduardo Cunha não pode continuar presidindo a Câmara se for denunciado por corrupção. Sua verdadeira face se mostra completamente no momento em que olha o abismo.

Numa coletiva em que soltava perdigotos e uma baba paranóica se formava no canto da boca, criou um complô formado pelo governo federal, por Janot, pela PF e por Sergio Moro.

Quer convocar ministros para depor, ameaça procuradores, esperneia. São frentes de batalha demais para um sujeito só e que, paradoxalmente, demonstra sua noção de onipotência.

O Palácio do Planalto, afirma ele, tem “um bando de aloprados” que “vive de criar constrangimentos”.

“O governo faz tudo para me derrotar”, falou. “O governo não me engole”. Segundo ele, Janot pressionou o lobista Julio Camargo a mudar seu depoimento. “Falta gente naquela cadeia ainda”.

O procurador “está a serviço do governo”, alega, sem explicar como isso se coaduna com o prejuízo que o PT e a gestão de Dilma têm com a Lava Jato. O PMDB, rapidamente, soltou uma nota comunicando que a posição do presidente da Câmara é “pessoal”.

Caminha para o isolamento uma figura com uma ficha corrida invejável, que começou na carreira como braço direito do saudoso PC Farias na Telerj e que chegou aonde chegou na base do achaque, da intimidação e da impunidade.

Fernando Collor pediu, quando sua presidência já estava nos estertores, que os brasileiros saíssem às ruas num 7 de setembro de verde e amarelo, mas as pessoas preferiram o preto.

Cunha não tem como dar essa cartada, mas convocou um “aplausaço” de seus seguidores. É a república da cafajestagem, com a ajuda de Deus e dos paus mandados.

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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