O dia em que Preta Gil mostrou Bolsonaro como ele é: “racista, homofóbico, nojento”

Atualizado em 20 de julho de 2025 às 21:14
Preta Gil e Jair Bolsonaro

A cantora Preta Gil morreu neste domingo, 20 de julho, aos 50 anos, em Nova York. Ela tratava um câncer de intestino desde janeiro de 2023 e, em maio, viajou aos Estados Unidos para iniciar uma nova etapa do tratamento, após esgotar as alternativas disponíveis no Brasil. Não resistiu.

Corajosa desde sempre, Preta foi protagonista de um episódio marcante em 2011, quando se tornou uma das primeiras figuras públicas a reagir contra o então deputado federal Jair Bolsonaro.

Um inquérito foi instaurado após uma entrevista concedida por ele ao programa “CQC”, da TV Bandeirantes. Na ocasião, Preta Gil perguntou, no quadro “O povo quer saber”, como Bolsonaro reagiria caso um de seus filhos namorasse uma mulher negra.

O sujeito respondeu: “Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco, e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu.”

A fala gerou ampla repercussão, e Preta postou uma resposta no Twitter (hoje X). “Advogado acionado. Sou uma mulher negra, forte, e irei até o fim contra esse deputado racista, homofóbico, nojento”, escreveu.

O caso resultou na condenação de Bolsonaro por danos morais em 2019. Por três votos a um, os desembargadores da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) decidiram manter a sentença, obrigando-o a pagar R$ 150 mil ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDDD), vinculado ao Ministério da Justiça.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.