
Economistas afirmam que o único efeito positivo das tarifas impostas pelos Estados Unidos é a redução dos preços internos no Brasil. O tarifaço, implementado pelo governo Donald Trump e estimulado por setores da extrema direita, dificulta exportações brasileiras e mantém no mercado doméstico produtos que seriam enviados ao exterior, gerando alívio temporário na inflação. Com informações da coluna de Míriam Leitão, em O Globo.
Segundo levantamento, o Boletim Focus reduziu a projeção de inflação de 5,17% para 5,05% nas últimas 11 semanas. Instituições financeiras como Itaú e Santander também revisaram suas previsões para 2025, fixando-as em 5,1% e 4,9%, respectivamente. Há estimativas que apontam para um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,8% neste ano, mesmo nível de 2024, embora ainda acima do teto da meta de 4,5%.
O impacto é mais visível no setor de alimentos. No último IPCA, os preços de itens consumidos no domicílio caíram 6,9%, com destaque para a batata, que recuou 20%. De acordo com o economista Fábio Romão, a projeção para a inflação de alimentos caiu de 7,5% para 6,1% em 2025, beneficiada também por boas safras, efeitos da gripe aviária e queda do dólar.

Produtos como cereais e leguminosas devem registrar queda de 15% neste ano. As carnes, que subiram 20,8% em 2024, tendem a ter alta mais moderada, de 7,3%. Óleos e gorduras, após avanço de 18% no ano passado, devem encerrar 2025 com recuo de 2,5%.
No atacado, os índices também mostram desaceleração. O IGP-DI registrou deflação de 0,07% em julho, após queda de 1,8% em junho. No ano, o IPA industrial acumula recuo de 2,5% e o IPA agrícola, de 8,73%, refletindo menor pressão de custos.
Apesar do alívio, analistas alertam que a tendência é temporária. A partir de setembro, a inflação deve voltar a subir, influenciada pela sazonalidade e pela perda do efeito inicial das barreiras comerciais impostas pelos EUA.