O esquema de vigilância nos EUA é o último triunfo de bin Laden

Atualizado em 10 de junho de 2013 às 12:14

A paranoia da guerra ao terror e o fim da liberdade eram o que todo jihadista queria.

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Publicado no Common Dreams.

POR SIMON JENKINS

Washington proporcionou a Osama bin Laden seu último grande triunfo. Os arquivos do programa PRISM revelados pelo Guardian indicam quão longe sua tentativa de minar os valores ocidentais foi nos últimos 12 anos, desde o 11 de setembro. Ele conseguiu se intrometer na vida privada e nas comunicações de cada cidadão americano. Ele mostrou que a autoproclamada casa da liberdade é paranoica em face do “terror” e se infiltra em toda a internet, monitorando as chamadas de telefone celular, os e-mails, textos e, supõe-se, os movimentos de GPS.

As bases de dados de Microsoft, Google, YouTube e Facebook são abertas ao governo. Eles podem gritar: “a sua privacidade é a nossa prioridade”, mas eles mentem. A obediência à autoridade reguladora é a prioridade. E o que dizer da autoridade? “Nós coletamos informações significativas sobre os bandidos, mas apenas sobre os bandidos.” Como os estados policiais disseram ao longo dos séculos, os inocentes não têm nada a temer. Por “inocente”, entenda “obediente”.

Esse é o mesmo poder de vigilância que os serviços de segurança britânicos querem que o Parlamento aprove. Defende-se, do mesmo jeito, que são apenas trocas de mensagens, não de conteúdo, que eles procuram. Isso realmente não significa bisbilhotar. E eles o fazem apenas quando a “segurança nacional” está envolvida. É o que a Stasi dizia na Alemanha Oriental. Você quase pode sentir o sorriso quando eles falam. E eles persuadiram metade do parlamento.

Induzir a tal paranoia sobre o terror – sempre chamado de “terror ligado à Al-Qaeda” – é precisamente o que o jihadista espera como o primeiro passo crucial para minar o pseudoliberalismo do oeste. Ele quer que o Ocidente perca a fé na democracia e que capitule ao esquema “melhor seguro do que livre”. Eles são os idiotas úteis de Bin Laden.

As democracias ocidentais, especialmente na América e na Grã-Bretanha, são os estados mais invulneráveis ​​da Terra. São ricos e seguros. Eles podem sofrer ocasionais explosões e assassinatos, mas não correm o risco remoto de “derrota existencial”. No entanto, o 11 de setembro deu a luz a um estado de vigilância e repressão que a democracia é claramente incapaz de conter. Ela nunca esteve tão em risco como agora, por causa de sua própria perda de fé na liberdade. Osama bin Laden estaria batendo palmas, feliz da vida.