O estrago que Mourão fez. Por Fernando Brito

Atualizado em 18 de setembro de 2018 às 19:24
O general Mourão

Publicado originalmente no Tijolaço

POR FERNANDO BRITO, jornalista

No Brasil, segundo o IBGE, há 11,6 milhões de lares formados por mulheres e seus filhos, sem a presença de cônjuges masculinos.

São, nas estúpidas palavras do vice de Jair Bolsonaro, as “fábricas de desajustados”.

Não ouço estupidez semelhante desde que D. Josefina, uma fofoqueira que morava na mesma vila que nós, no subúrbio do Lins de Vasconcelos, dizia às vizinhas que eu e meu irmão eramos os “desencaminhadores” da garotada por sermos os “filhos da desquitada”.

O estrago que Mourão fez na campanha de Bolsonaro, que andava até comprando imagens fake para não parecer machista é o de um disparo de obus.

Não adianta dizer que a “intenção era outra”, a de falar sobre a vulnerabilidade da mulher com estas solitárias responsabilidades familiares porque, não só não houve essa ressalva como, também, Mourão tem a obrigação de saber que está numa chama de indisfarçada misoginia.

Até a Rachel Sheherazade, direitista até à medula e uma das promotoras do pensamento brutal desta turma, protestou no Twitter.

“Crio dois filhos sozinha. Fui criada por minha mãe e minha avó. Não. Não somos criminosas.”

O General depois não reclame quando uma mulher o puser para correr.

Como as mulheres, felizmente, vão por para correr o seu chefe.