O exibicionismo irracional como modelo a toda Terra. Por Moisés Mendes

Atualizado em 9 de maio de 2021 às 13:12

Publicado originalmente no Blog do Autor:

O Rio Grande do Sul é o Estado que mais aparece nas estatísticas do Jornal Nacional como líder da vacinação. E é também o Estado que apareceu antes de todos os outros por falta da segunda dose da CoronaVac.

Porto Alegre está nos jornais da TV, nos sites e nos blogs há pelo menos duas semanas como a capital em que se formam filas de idosos atrás da segunda dose que não existe.

A liderança do Estado na vacinação é o resultado do que o ministro Ricardo Lewandowski vê como delito por imprevidência e negligência.

É apenas a prova da corrida louca do governo do Estado e da prefeitura de Porto Alegre para aplicarem todas as doses que receberam.

É o que se vê no Jornal Nacional: os gaúchos vacinam alucinadamente como não acontece em nenhum outro Estado. O Rio Grande do Sul é o líder na vacinação da primeira dose.

A manchete certa deveria ser: os gaúchos vacinam irracionalmente, gastando toda a reserva de imunização. Nunca suspeitaram que não chegariam a tempo as doses de reforço e nada guardaram, como alguns Estados fizeram?

Os gaúchos têm sempre que ser modelo a toda Terra, e por isso vacinam como se não houvesse amanhã, sem racionalidade, sem o mínimo receio de deixar milhares de idosos nas filas numa espera inútil e torturante.

E agora o prefeito Sebastião Melo grava um vídeo em que pede desculpas, ao lado do secretário da Saúde, Mauro Sparta, e do coordenador da Vigilância em Saúde, Fernando Ritter.

O prefeito diz com ar inocente que foi induzido a erro pelo Ministério da Saúde de Bolsonaro, em quem ele confia.

Servidores da Saúde contarão um dia como foi a submissão da prefeitura (e do governo do Estado) a esse erro. Seria bom que soubéssemos quem se opôs à vacinação alucinada, porque alguém deve ter dito: segurem que isso está errado.

Não se imagina que, na gincana para aparecer no Jornal Nacional, todos tenham sido contagiados pela irracionalidade que o prefeito chama de indução ao erro. O nome disso não é erro. Segundo Lewandowski, é crime.