O fenômeno dos clones do líder dos Revoltados On Line. Por Mauro Donato

Atualizado em 10 de setembro de 2015 às 9:17

 

Seguidor de Olavo de Carvalho (a quem chama de professor), Carlos Klinke é a prova viva de que o ignóbil Marcello Reis está fazendo escola.

Vestido todo de preto, óculos escuros, boné, cavanhaque bem aparado e um símbolo que mescla um escudo militar e algum tipo de brasão patriótico bordado no peito, o técnico em informática é um cover do líder ultra-direitista dos Revoltados On Line.

Por meio de um vídeo na internet, está conclamando a população para tomar Brasília no dia 15 de novembro.

Na verdade ele já havia chamado a turma para fazer o mesmo no último 7 de setembro. Diante do fiasco, Carlos Klinke diz no vídeo atual que aquilo foi só um ensaio.

A desculpa lembra aquelas campanhas publicitárias de liquidação em que o fracasso de vendas foi tão grande que logo em seguida anunciam: “Devido ao grande sucesso, estamos prorrogando até sábado.” Se tivesse sido um sucesso não haveria mais nada para vender, certo?

Sob o pseudônimo de Ben Avraham — nome, aliás, roubado de um escritor judeu polonês radicado no Brasil —, a figura híbrida de policial e pastor afirma que o governo está nas mãos do comunismo e que é papel do povo intervir. Por intervir, ele entende “derrubar as muralhas de Jericó que se instalaram ali em Brasília e tomar o poder.”

Em seu devaneio, alega que “O plano comunista para o Brasil é promover um grande holocausto, a destruição da classe média.” E ameaça: “O PT e seus aliados cairão por terra assim como as muralhas de Jericó caíram.”

E depois dizem que Dilma é que anda fazendo discursos sem nexo.

Ben Avraham/Carlos Klinke convoca professores e estudantes para que ocupem organizações estudantis a fim de impedir que o comunismo seja difundido e afirma ser possível tomar o país em apenas um dia.

Para representar sua estratégia de forma didática e como pretende agir, utiliza três copos descartáveis e duas tampas de Tupperware. Uma vermelha e uma verde. E, ao final, pergunta: “Entendeu?”

É evidente que esse Marcello Reis de Jericó não representa nenhum perigo. O intuito primeiro de Carlos Klinke é replicar a fórmula comercial do Revoltados OnLine e mordiscar um pedacinho do mercado que anda vendendo miniaturas do pixuleco a R$ 10, o “kit patriota” por R$ 150 e coletando milhares de reais em forma de doações.

“E você empresário, não se esquive nessa hora”, pede o espertalhão Ben Avraham visando patrocínio ao movimento.

Em determinado momento do vídeo, Klinke declara que “sozinho não pode fazer nada”. De fato, repito, esse pobre infeliz não irá derrubar governo algum, mas vários destes desajustados, somados, causam algum dano.

Multiplicam-se impulsionados pelas redes sociais. Marcello Reis gerou Carlos Klinke que, graças à total desinformação oferecida pela mídia de massa e o comportamento padrão dos internautas de ecoar sem filtrar, atinge uns tantos que acreditam piamente que estamos sob o comunismo.

Alguns podem ser meros mercenários. Outros podem realmente entrar na onda.