O filho de Bolsonaro preferiu fazer piada sobre machistas a explicar sua foto com bandeira de supremacistas brancos. Por Donato

Atualizado em 14 de agosto de 2017 às 9:33
Eduardo Bolsonaro e amigos com a bandeira usada por supremacistas brancos

 

Um dia após o evento que poderá ser considerado o estopim para confrontos ainda maiores nos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro não encontrou nada para dizer.

Segundo o Painel, da Folha, postou uma foto que trazia a inscrição ‘Machistas não passarão’ junto à imagem de uma mulher esticada sobre uma tábua de passar roupas.

O filho de Jair Bolsonaro é aquele deputado de cabeça raspada que esteve nas manifestações pró-impeachment portando uma pistola na cintura e que na data de votação pelo afastamanto de Dilma ficou atrás de seu pai repetindo como um papagaio a ‘homenagem’ ao torturador Brilhante Ustra.

Em sua conta no Twitter, Eduardo Bolsonaro escreveu certa vez: “Fumar maconha, fazer sexo, usar camisa de assassinos como Che, traficar drogas na escola pode. …. realmente, apologia a nazistas não pode mesmo não”.

Adepto de bagunçar a cabeça de inocentes úteis, ele também publica aberrações como: “Hitler era de direita? Óbvio que não, a não ser que em seu devaneio você considere que um marxista possa ser de direita. Burocracias mil, desarmamento, intervenção na atividade privada, expropriação em prol do Estado… todas essas características são comuns ao nazismo e comunismo.”

Em 2016, tirou um retrato com amigos sob a bandeira de Gadsden, popular no sul dos EUA. Criada no século 18, durante a guerra da independência americana, hoje é usada pela Ku Klux Klan e pelos fanáticos da supremacia branca.

Bolsonaro filho faz parte de um grupo de políticos como seu pai, como Donald Trump ou como o prefeito paulista João Doria, que nao veem ligação entre seus discursos de ódio e as inevitáveis consequências sobre desmiolados como James Alex Fields Jr que atropelou e matou ativistas em Chalottesville no último sábado.

Sim, ódio em seu estado puro é o que se insemina entre pessoas como James quando se proferem esses discursos. James rodou quase 900 km só para fazer o que fez no sábado.

Defensor de que a população ‘de bem’ se arme até os dentes e se apronte para a guerra, Eduardo Bolsonaro certamente fará o mesmo que o colega Trump depois de verificar o resultado de tamanha incitação à violência: retórica evasiva e postura de Pilatos.

Como para toda ação existe uma reação, os grupos que são combatidos por defensores das tais mentalidades como supremacia branca acabam revidando.

Ontem, o organizador da marcha fascista que deu origem a toda tragédia protagonizada por James Alex Fields Jr. foi posto para correr. Bem feito, muitos dirão. Mas é assim que começa.

Por aqui já estamos vendo sinais de intolerância preocupantes como o ataque do movimento Direita São Paulo contra imigrantes em plena avenida Paulista. No Rio de Janeiro, um fascista armado com um bastão de madeira ameaçou um refugiado sírio, Mohammed Ali, vendedor de esfihas, aos gritos de “Sai do meu país! Eu sou brasileiro e estou vendo meu país ser invadido por esses homens-bomba miseráveis que mataram crianças, adolescentes. São miseráveis. Vamos expulsar ele!”

A estratégia covarde comum a esses xenófobos, racistas, higienistas, homofóbicos, é a de provocar para depois culpar o revide.

O mentecapto Arthur Moledo Do Val, mais conhecido como MamãeFalei, que vive de vídeos ridicularizando esquerdistas, tomou uma bifa na orelha em uma manifestação na semana passada. Ele procurava por isso.

João Doria, que sempre que possível classifica seus críticos generalizando-os como petistas e ordena a esquerdistas irem para Curitiba ‘procurarem a própria turma’, recebeu gloriosa ovada na cabeça. Ele também achou ótimo, podem ter certeza. E sobre Jair Bolsonaro nem é preciso falar.

“Eu tento me manter longe das ideias políticas do meu filho”, afirmou a mãe do criminoso nazi James Alex Fields Jr. Já Bolsonaro pai não poderá dizer o mesmo. Seu filho é seu espelho.