Sandy é resultado do aquecimento global

Atualizado em 17 de outubro de 2014 às 14:32

Sua força está vinculada à predação da natureza. A esperança é que sirva de alerta

Sandy na noite de 28 de outubro, em foto de satélite

Sandy, a tempestade tropical mais devastadora das últimas décadas, foi apelidada carinhosamente de Frankenstorm. Com ventos de 140 quilômetros por hora, cidades alagadas, mortos, desabrigados e alertas oficiais de catástrofe, ela colocou no olho do furacão, com o perdão do trocadilho, a questão do aquecimento global, assunto solenemente ignorado pelos candidatos a presidente (por ora, claro). As mudanças climáticas amplificam a intensidade e a duração dos fenômenos. Segundo a cientista americana Amanda Staudt, da Federação Nacional da Vida Selvagem, o aquecimento global funciona como “esteroides para furacões”.

Ou seja, o impacto de Sandy está sendo intensificado pelas temperaturas alteradas da atmosfera. O diretor da Seção de Análise do Clima do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR em inglês, entidade acima de qualquer suspeita, bancada pelo governo americano e por empresas privadas), Kevin Trenberth, afirma que “as temperaturas da superfície do mar ao longo da costa do Atlântico têm subido mais de 3 graus Celsius acima do normal”. Ele continua: “O aquecimento global fornece um novo pano de fundo, no sentido de aumentar os riscos de furacões mais ativos”.

Mike Tidwell, diretor da Rede de Ação Climática de Maryland e autor do livro The Ravaging Tide (A Maré Devastadora), é taxativo. “Nós já aquecemos o planeta”, diz. “Todo mundo sabe disso. Todos concordam que os oceanos estão mais quentes? Que as temperaturas terrestres têm se elevado? Que há mais umidade no ar? A resposta é sim. Portanto, é impossível ter uma super-tempestade que não possua a impressão digital da mudança climática sobre ela.”

Sandy já matou pelo menos 69 pessoas no Caribe. Jamaica, Cuba, Bahamas, Haiti e República Dominicana foram atingidos. Os voos partindo do Brasil para a Costa Leste dos EUA foram cancelados. Setenta e seis morreram nos Estados Unidos. O número de voos suspensos foi de 10 mil. O prejuízo é calculado entre 10 e 20 bilhões de dólares, talvez a catástrofe natural mais cara do país desde sempre. O metrô de Nova York foi paralisado pela segunda vez na história. Uma subestação de eletricidade explodiu (assista o vídeo abaixo).

Sandy passará, mas pode haver estragos no futuro por causa do que alguns cientistas chamam “novo normal” das condições climáticas. E não só na América do Norte. Ou você achava que Sandy e Junior eram nosso maior desastre natural?

Selecionamos algumas imagens da tormenta. Como diz o poeta alemão Rainer Maria Rilke nas Elegias de Duíno: “Pois o belo apenas é o começo do terrível, que só a custo podemos suportar, e se tanto o admiramos é porque ele, impassível, desdenha destruir-nos. Todo Anjo é terrível.”

Em Havana
O que sobrou da montanha russa do Casino Pier, em Nova Jersey
Em Southampton, estado de Nova York
Uma das imagens da Nasa
Em Nova Jersey
Em Atlantic City
O Battery Park, em Nova York
A parede desmoronada de um prédio em Nova York
Os bombeiros tentam pôr ordem no caos
Times Square vazia

Em Miami, deu onda

Frankenstorm chegou…
... e Obama não foi poupado