‘O futebol brasileiro não pode trair a si mesmo’: a estréia do novo colunista do Diário

Atualizado em 26 de agosto de 2012 às 19:57
Nosso novo colunista é peixe por causa de jogadores como Neymar

É com orgulho que anuncio um reforço – internacional — para o time do Diário: meu amigo e  vizinho Scott Moore,  fanático do Manchester City  e do futebol brasileiro.  Aos 53 anos, formado na exigentíssima escola dos tabloides londrinos, e hoje consultor de comunicação empresarial, Scott escreverá duas vezes por semana no Diário. A tradução é de Erika Nakamura, a quem o Diário agradece. Pedi a ela apenas que mantivesse, em inglês, a abertura que  Scott gosta de usar, e também a saudação final.

Boa leitura.

Ladies and Gentleman.

Confesso que estou nervoso. Escrever sobre futebol para brasileiros é como escrever sobre turfe para nós, ingleses. Você está lidando com um público especializado.

O futebol brasileiro fascina a todos nós, ingleses. Os brasileiros jogam como gostaríamos de jogar. Jamais teremos a ginga, a capacidade de improviso de vocês. Os brasileiros driblam. Nós damos chuveirinhos. Vocês parecem ter nascido para jogar futebol. Nós temos que treinar duramente para jogar um futebol decente.

Em minha primeira coluna, a pergunta que faço, diante dessas colocações acima, é: por que vocês decidiram trair a sua própria história no futebol? Por que vocês parecem querer jogar feio como nós? Nós não conseguimos fazer mais bonito do que aquilo que de quatro em quatro anos vocês vêem na Copa. Mas vocês são artistas.

Se alguém tinha que imitar alguém, nós é que deveríamos copiar vocês. Não fazemos isso porque não conseguimos. Inventamos o futebol, mas foram vocês que o transformaram em arte. Até Chris, minha mulher, que discorda de mim em tudo, concorda nisso.

Preocupação obsessiva com defesa e marcação é coisa de quem não tem outros recursos. Nós somos um bom exemplo disso. A Itália é outro.

Mas vocês são diferentes. O foco de vocês sempre foi o ataque. O Brasil dos meus sonhos era aquele time que podia levar um ou dois gols, mas fazia quatro ou cinco.

Ao trair a vocês mesmos no futebol, vocês também estão traindo a todos nós, os apaixonados pela Seleção Brasileira. Não deixem que o Barcelona usurpe vocês na condição de representantes do futebol arte.

Assinei, agora que vou escrever sobre futebol no Diário, o Brasileirão. Vou acompanhar os jogos. Já elegi o Santos como meu time favorito, para desgosto de meu amigo PN. É porque o Santos é o time que mais se aproxima do futebol brasileiro que amamos, graças a craques como Neymar e Ganso.

Nossa comida típica é fish and chips. Nada mais natural que eu seja fish no futebol brasileiro: peixe.

Best regards.