O genocídio é evidente. Quem será cúmplice? Por Fernando Brito

Atualizado em 18 de março de 2021 às 10:23
Sem sensacionalismo, Estadão ilustra o colapso. Foto: Reprodução

Publicado originalmente no Tijolaço:

Por Fernando Brito

Estadão, para velhas gerações de jornalistas, era o “vetusto jornal” paulistano, sobre o qual de duas coisas se tinha certeza: a fleuma e o conservadorismo inabaláveis.

Afaste-se, por isso, qualquer suspeita de sensacionalismo da capa de hoje, onde o ‘COLAPSO’ em maiúsculas dimensiona graficamente o que se quer apresentar ao leitor.

Não se trata, portanto, de sensacionalismo ou – impensável ali – alarmismo esquerdista contra o Governo.

Há um colapso nacional.

Mas é, ou deveria ser, alarme, pois o perigo – literal, vital – está por toda a parte e exige dos meios de comunicação que cumpram seu papel de gritar à população que a morte escapou de controle e o governo brasileiro só tem a oferecer o espetáculo dantesco de milhares morrendo enquanto um mau militar, estufado de vaidade e grosseria, desfila sua inutilidade apenas para “enquadrar” o sucessor – o miniministro Queiroga – na posição de seu “terceirizado”.

Porque só o silêncio e a afetada “neutralidade” que alguns fazem questão de manter podem dar sustentação à crueldade que tomou o comando do país.

O Brasil deliberadamente está sendo entregue a um morticínio e – é preciso que se diga com todas as letras – por dinheiro.

Não é “o pai de família ter um pão para levar para o filho”, como estes miseráveis alegam. Se é, porque o auxílio aos mais pobres, que todos sabiam desde o final do ano continuar a ser necessário, até agora nem sequer tem a regulamentação para ser pago?

É pouco, desgraçadamente pouco, mas é este pão, pelo qual o pai de família não pode por necessitar ser levado à morte asfixiante.

Há um genocídio e há genocidas, portanto e são os homens do “dinheiro uber alles“, aqueles para os quais o país é só e apenas fonte de enriquecimento.

Estão matando o povo que é a galinha dos ovos de seu ouro, a fonte de sua riqueza e contam com duas forças para isso: o Exército e o Mercado.

Este governo não se sustenta se os dois sinalizarem que não apoiarão mais a mortandade.

Se não sinalizam, tornaram-se cúmplices do monstro e suas falanges.