O golpe de Temer contra os 99% de internautas que o consideram golpista. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 18 de outubro de 2016 às 17:34
Ele
Ele no Japão

 

Michel Temer já perdeu a guerra das redes sociais, entre outras, mas você vai continuar pagando a conta dessa derrota de várias maneiras. A mais óbvia é com propaganda paga com dinheiro público.

Segundo o Estadão, o Planalto decidiu “bombardear os sites e as redes sociais do governo com informações positivas sobre a emenda e explicar exaustivamente a ‘necessidade’ da medida”.

Um relatório do governo dá conta de que 94% dos internautas acham que a PEC 241 é negativa para o país. E — o dado mais revelador — 99% associam o nome de Temer à palavra golpista quando se trata desse assunto.

Pesquisa do Vox Populi encomendada pela CUT diz que a PEC é reprovada por 70% da população, sendo que apenas 19% dos entrevistados disseram ser favoráveis e outros 11% são indiferentes, não sabem ou não responderam.

A ideia é lutar contra o vento, basicamente.

Para chegar a um impossível resultado menos vergonhoso em sua avaliação e na de seus planos, a gestão Michel contratou os serviços do MBL, querendo repetir uma parceria já vitoriosa na campanha do golpe (lembrando: PMDB, PSDB e DEM bancaram as manifestações “espontâneas” e a estrutura dessa milícia, segundo um de seus líderes).

Os kataguiris já estão se mexendo. Totalmente queimados e desacreditados, eles servem a seus seguidores um menu vagabundo, chamando tilápia de saint peter para engambelar trouxas que se comprazem em ser engambelados.

O MBL em ação
O MBL em ação

A boa vontade de amigos da mídia, a balela da herança maldita e a mãozinha molhada desses movimentos não dá conta da realidade.

E a realidade é que se trata de um bando que tomou de assalto o poder, com quinze ministros investigados ou citados na Lava Jato, sem legitimidade e sem qualquer sombra de apoio popular.

As más notícias o perseguem. No Japão, em visita oficial, teve que responder sobre as mais recentes acusações e denúncias. “Se a cada momento que alguém mencionar o nome de alguém isso passar a dificultar o governo, fica difícil”, admitiu.

“O envolvimento dos nomes se deu, convenhamos, por enquanto, por uma simples afirmação. Se um dia se consolidarem, o governo verá o que fazer”.

Já se decidiu, na verdade, o que fazer: propaganda. Ao invés de demitir corruptos, Temer vai tentar acelerar as reformas antes que novos e inevitáveis escândalos apareçam e, no meio do caminho, “combater os boatos nas redes sociais”.

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