O golpismo do PSDB não poupa sequer os próprios pré-candidatos do partido em SP. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 11 de fevereiro de 2016 às 19:20
Eles
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O PSDB é tudo, menos uma caixinha de surpresas. Se em nível nacional o jogo é pesado e sujo, isso é reflexo das práticas internas do próprio partido.

Tomemos a disputa para a prefeitura de São Paulo. Dois concorrentes estão na parada: João Doria e Andrea Matarazzo (Ricardo Tripoli não conta). Surge a “denúncia”, publicada hoje, de que Doria está tentando comprar militantes.

Um vereador, Adolfo Quintas, afirma que um correligionário famoso na Zona Leste, Geraldo Malta, é um “mercenário” que está operando para Doria.

O inventor do inesquecível movimento Cansei e favorito de Alckmin nega, obviamente. Quintas diz que “esse pessoal não trabalha sem receber” e que conhece um por um. “Falaram que estavam ganhando e por isso estavam apoiando ele”, conta.

O acusador, um homem de Matarazzo, não apresentou prova alguma, nada. Se as tem, idealmente, vai mostrar. Se não as tem, deveria ser processado.

Os tucanos saem mal na fita por qualquer ângulo que se olhe: um prefeiturável que corrompe a militância; outro que acusa com base no que ouviu falar. E militantes que só trabalham pela “causa” se forem pagos.

Doria é capaz de qualquer coisa, mas ataques desse gênero obedecem ao estilo do mentor e amigo de Andrea, José Serra.

Um exemplo: em maio do ano passado, Matarazzo gastou, oficialmente, 13 mil reais para imprimir 55 mil exemplares de um tabloide com oito página denominado “Nova Cidade”.

O valor foi tirado da verba anual de 239 062,56 destinada a  “serviços gráficos, assinaturas e materiais de escritório” à qual seu gabinete tinha direito na Câmara Municipal.

De acordo com as normas da Casa, esse tipo de material deve ter “caráter educativo, informativo ou de orientação social” e não pode haver “promoção pessoal”.

O pasquim, produzido para bater em Fernando Haddad, era repleto de fotos de Matarazzo e continha um “editorial” em que ele explicava que “nos últimos dois anos, a vida na cidade piorou muito, graças a uma gestão ineficiente e sem noção de prioridades”.

Havia matérias sobre número recorde de queda de árvores e as chamadas “ciclovias do absurdo”.

As digitais de AM estão também na aventura do Implicante, o site de difamação antipetista feito pela agência Appendix, contratada por 70 mil reais mensais para “serviços de comunicação da secretaria da Cultura” — Andrea foi secretário da pasta entre 2010 e 2012, quando saiu para a vereança, mas deixou ali sua equipe. Ali é seu feudo.

FHC gravou um vídeo em seu apoio. A certa altura, fala que Matarazzo tem uma vida “dedicada à cidade”. Qual cidade? Andrea ocupou diversos cargos públicos em São Paulo, no município e no estado, inclusive subprefeito da Sé, e ninguém, nem ele, é capaz de lembrar de uma marca que seja.

Agora, em matéria de golpe abaixo da linha da cintura, ele é craque. Até as prévias do PSDB, dia 28 de fevereiro, mais cacetadas desse naipe virão. Serra, o autor espiritual do clássico “Pó Pará, governador?”, fez escola e quer emplacar seu herdeiro — duela a quien duela.

San Pablo no merece esto.