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O governo Bolsonaro institucionalizou o nepotismo e a promiscuidade. Por Carlos Fernandes

Bolsonaro e o amigo “Capitão Victor”

Com a chegada ao poder executivo nacional da família Bolsonaro carregando a tiracolo o que de mais atrasado existe no já modorrento militarismo brasileiro, o que era uma prática velada no submundo das administrações públicas, virou política de Estado.

Práticas como nepotismo e apadrinhamento, combatidos à exaustão em todo o mundo civilizado, por aqui se transformaram em medida oficial para o chamado fortalecimento dos vínculos familiares e afins.

É, por assim dizer, um case de sucesso. Tudo em apenas dez dias após o começo da “nova era” do Brasil.

Para muito além do amigo Queiroz que após o estrondoso sucesso de faturamento no mercado de compra e venda de carros usados hoje se recupera de uma operação em um dos mais caros hospitais privados do país, a prosperidade reina aos amigos e consanguíneos do primeiro escalão do governo.

Rápida no gatilho, a primeira-dama Michelle Bolsonaro não se fez de rogada e praticamente abriu os trabalhos já com a “nova” forma de indicação política para a alta administração.

Sua amiga Priscila Gaspar viu o seu posto de tradutora de línguas na campanha eleitoral se transformar imediatamente num invejado cargo na Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência, subordinada ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos do qual, sabemos, atualmente queda-se de joelhos conforme as orações da “terrivelmente cristã”, Damares Alves. Uma glória.

Já o vice-presidente, que besta não é, também obrou o milagre da multiplicação do salário para o seu herdeiro.

Antônio Mourão, o filho, presenciou nos primeiros dias do novo ano, o ano novo de sua redenção profissional.

De uma piscadela do pai para uma canetada do novo presidente do Banco do Brasil, uma trilha que pode levar décadas sem nunca ser totalmente percorrida foi saltada como se num passe de mágicas. Salário triplicado, haja fortalecimento da família.

Tudo confortavelmente sendo arranjado, não seria o presidente Jair Bolsonaro – cujos filhos já ocupam uma espécie de poder paralelo a ser exercido nas redes sociais – que iria deixar os seus a ver navios, óbvio!!!

Carlos Victor Guerra Nagem, “amigo particular” do atual presidente, também ascendeu vertiginosamente na estatal em que trabalha.

A Petrobrás, outrora um “antro de aparelhamento ideológico”, viu um funcionário que se licenciou duas vezes para concorrer a cargos políticos pelo PSC chegar à Gerência Executiva de Inteligência e Segurança Corporativa.

Antes com um salário de cerca de R$ 15 mil, o fracassado aspirante a político a quem Bolsonaro fez propaganda garantindo ser um “defensor dos valores familiares”, Carlos Nagem agora passará a ganhar nada menos que R$ 50 mil. Mas sem ideologia, que fique claro.

Todos os cargos da administração sendo paulatinamente ocupados sob o criterioso perfil de quem bajulou ou não a candidatura vitoriosa, políticas públicas de inclusão social e empresas estratégicas para a soberania nacional caminham a passos largos para se transformaram tão somente numa grande reunião familiar em que os amigos mais próximos são sempre bem-vindos.

Para quem se elegeu sob o discurso do combate à corrupção e o fim do aparelhamento nas empresas públicas, é um início de governo que prova a quão mitológica eram suas promessas.

Por fim, a você que votou no “Mito” a partir de todas essas crenças, mas infelizmente não faz parte do privilegiado círculo de sua amizade, resta curtir o “aumento” salarial de R$ 1.006,00 para R$ 998,00 que lhe foi destinado.

Com competência, economia e um pouco de fé, dá até para comprar uma máscara de carnaval e cobrir sua cara de vergonha.

Carlos Fernandes

Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina

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