Originalmente publicado em JORNALISTAS PELA DEMOCRACIA
Por Gilvandro Filho
O que o bolsonarismo fez com o Brasil? Essa pergunta surge, fatalmente, centenas de vezes por dia. A cada pronunciamento do “presidente” (com inúmeras aspas) da República, insanamente aplaudido por hordas de amalucados que o louvam e o chamam de mito. A cada triste recorde de mortes na pandemia de Covid-19, um genocídio para o qual não há outro nome mais apropriado.
Dá pra entender a dimensão da coisa ao ver o nível de destruição da Natureza, num setor espezinhado sob o comando de criminosos ambientais. Ao nos vermos isolado do mundo, párias que hoje somos pela falta de respeito que ganhamos de quase todo o planeta. Ou ainda diante da tentativa escancarada de destruição da cultura e do pensamento, “perigos” para o autoritarismo e para as ditaduras.
Responde à pergunta a contaminação da Justiça brasileira, com o crescimento da presença dos religiosos em postos onde o Estado mais precisaria ser laico. Ainda não chegamos lá, mas corremos o risco de vermos se ampliar a praga de gafanhotos que é o sabujismo vergonhoso e incondicional. Hoje, com apenas um ministro terrivelmente evangélico colocado no Supremo Tribunal Federal por um literal messias, já deu para se ver o que poderá acontecer em um futuro breve.
Outros desse mesmo tipo virão. Se nada acontecer em prol do bom senso, da razão e da frágil democracia brasileira. Um dia podem ser um grupo. A qualquer hora poderão conquistar maioria para aprovar até mesmo barbaridades maiores que a já absurda abertura de templos religiosos alçados à condição de atividades essenciais em tempos de pandemia.
Talvez nem precisem que todos sejam evangelicamente terríveis para alcançarem o nirvana da irresponsabilidade e da vergonha. Acólitos sempre existirão para dar votos inexplicáveis e inconsequentes em favor do opróbio e do genocídio. Foi assim o voto não evangélico, mas igualmente terrível, o 2 do placar do time perdedor na goleada histórica e desmoralizante.
Na seção dessa quinta-feira (8), o STF evitou a chance de ouro de sermos ainda mais desacreditados e enxovalhados pelo mundo. Iríamos, acredite-se, ceder a um exército liderado por meia dúzia de pastores apavorados, menos com a vida dos seus fieis do que com a queda dos seus negócios. Um grupo que alimenta uma forte base de apoio para o governo e, ao mesmo tempo, se alimenta dele e das benesses que, por reciprocidade, recebe e louva. Farisaísmo bíblico. Dos dois lados. Por fora, aparência que engana; por dentro sepulcros caiados, “cheios de ossos de mortos e toda espécie de imundície” (Mateus 23:27).
Não à toa, o governo mandou o Advogado-geral, que até um dia desses era ministro da Justiça, se expor ao ridículo com suas alegações inacreditáveis em favor da insanidade e da ilógica. Elementos que são pilares do governo ao qual ele serve.
Liberar o funcionamento de igrejas em meio à pandemia, nem na Idade Média, rebateu o ministro Alexandre Moraes. Mas tentou-se. Seria trágico e nada tem de cômico. Não foi dessa vez, mas o sinal de alerta foi ligado, pela ousadia da intenção.
Durante sua apresentação na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na noite deste sábado…
Eduardo Leite é, na história da política gaúcha, uma das figuras públicas mais deslocadas do…
O saldo de vítimas fatais das intensas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul…
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e os ministros Paulo Pimenta (Secretaria…
Em abril deste ano, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), sancionou…
“Este é o episódio mais trágico da história de Canoas. Uma situação além da nossa…