O ‘Grand Séducteur’

Atualizado em 27 de maio de 2013 às 16:00
Ele não respeitou o provérbio

A principal lição que você extrai do caso Domenique Strauss-Kahn é que você deve respeitar os usos e costumes do país em que está.

Pessoas poderosas como ele costumam ignorar esse princípio básico do manual de sobrevivência planetário, e transferem arrogantemente seus próprios hábitos para onde quer que estejam.

As informações que vazaram sugerem que DSK, como é conhecido, fez em Nova York uma coisa que provavelmente não lhe trouxesse maiores problemas se feita em sua Paris: agarrou uma mulher que não gostou de ser agarrada. Mais uma, como se pôde logo perceber.

Na França, ainda que ela reclamasse, tudo provavelmente se resolveria sem traumas. Talvez um pequeno dinheiro de indenização para ela, coisas desse tipo. DSK está familiarizado com isso. É conhecido entre seus conterrâneos como o “Grand Séducteuer”, o Grande Sedutor. Todos sabem que é um mulherengo agressivo, a começar por sua mulher. E tudo bem.

Nos Estados Unidos, a mesma coisa pode terminar de forma bem mais traumática. Prisão, humilhação, talvez uma sentença longa.

São costumes diferentes, são culturas diferentes, são leis diferentes sobre um mesmo assunto.

Assange, do WiliLeaks, cometeu o mesmo erro. Agiu sexualmente na Suécia como se estivesse na sua Austrália. O resultado é que está em prisão domiciliar na Inglaterra e luta contra a extradição para a Suécia por temer que depois seja transferido para os Estados Unidos, onde você pode imaginar o tipo de tratamento que receberia sob a acusação de “alta espionagem”. Estupro, na Suécia, pode ser você continuar na madrugada uma sessão de sexo com uma mulher, só que sem camisinha nesta retomada. Aparentemente foi o que aconteceu com Assange com uma das duas mulheres que o acusam de crimes sexuais.

Os provérbios têm uma sabedoria que os arrogantes desprezam muitas vezes. Se respeitassem humildemente, poupariam a si próprios de situações extremamente desagradáveis. Um deles diz o seguinte: “Em Roma, aja como os romanos”.

DSK agiu nos Estados Unidos como um francês, pelo visto. Por isso está vivendo o seu Waterloo.