Quem faz apologia à violência, colhe violência.
Na tarde de sábado, dia 3, um dos membros do Direita São Paulo, trajando camiseta do ‘movimento’, foi abordado quando se dirigia a uma palestra em defesa do regime militar que ocorria na sede do DSP.
Jonas, como é conhecido, levou uma surra de um grupo de antifascistas.
Nada grave, terminou com um corte pequeno próximo à orelha que resultou em gotas de sangue na camiseta.
Foi o suficiente para Douglas Garcia, vice-presidente da página, denunciar que ‘um dos seus’ estava ‘sangrando bastante’.
“AGREDIR OS MEUS? QUEM FEZ ESSE BLOCO FOI EU (sic). É AUTORIA MINHA!!! AGREDIRAM UM DOS MEMBROS DO DIREITA SÃO PAULO! Jonas foi agredido em frente a sede do DSP onde ocorria palestra sobre O Que Foi o Regime Militar. Bando de filhos da puta! Quem é a porra dos intolerantes? O autor do evento Bloco Porão do DOPS sou EU, PORRA!!! VENHAM ATRÁS DE MIM! Deixem os meus em paz. Jonas foi atacado com spray de pimenta nos olhos e recebeu uma pancada na cabeça. Está sangrando bastante… Vamos levá-los ao hospital. Precisamos de ajuda aqui para levar os nossos até a estação de metrô. Covardes do caralho!!! Atacaram em grupo e ainda com spray de pimenta!!! Vocês não vão nos calar!!! O Bloco vai acontecer.”
Bem, caro Douglas, ao contrário do uso corrente do termo ‘bastante’ ter a conotação que denota profusão e grande quantidade, o significado original da palavra é em referência ao quanto basta.
Deve servir como aviso. Este foi, aliás, o intuito do grupo Antifas, que assim esclareceu a ação em um post nas redes sociais:
“O recado está dado, não importa onde vocês estão, nenhum movimento fascista irá ganhar espaço no Brasil”.
O Direita São Paulo prega a intolerância, a xenofobia, a transfobia, todas as fobias, é fóbico por natureza, e recentemente resolveu criar um bloco carnavalesco batizado de Porão do Dops, com homenagens a torturadores do período da ditadura como Carlos Alberto Brilhante Ustra e Sergio Paranhos Fleury.
Está confirmada a saída do bloco no próximo sábado.
Após uma ação civil do Ministério Público acusar o movimento de apologia à tortura, a juíza Daniela Pazzeto Meneghine Conceição, da 39ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, liberou a propaganda, divulgação e o desfile.
Apologia à tortura não é ‘liberdade de expressão’. Salvo alguma proteção dada pela polícia militar, é de se duvidar que esse bloco realmente coloque as caras na rua. O mais normal é que refuguem.
Há poucos dias, a equipe de estúdio do ator Wagner Moura, que está rodando um filme sobre Marighella, ficou em estado de atenção pois um grupo semelhante ao Direita SP ameaçava invadir o set.
“Mas o que aconteceu foi bonito, uns 15 jovens da frente antifascista vieram pra proteger a gente”, disse o ator. Tudo resolvido, ninguém apareceu, claro.
Esses grupelhos, quando estão em maioria e no escuro, cercam e agridem refugiados, batem em gays, espancam e matam pessoas dormindo que vivem em situação de rua, mas quando recebem na mesma moeda começam a chorar.
Homenageiam psicopatas que seviciaram homens e mulheres nos porões das maneiras mais ignominiosas possíveis, exaltam seus crimes, gozam com a violência desses canalhas — mas ficam chateados com um tapa na orelha.
Bravos, não?
Durante minhas pesquisas para escrever a biografia de um partigiano italiano, tive conhecimento de vários relatos sobre fascistas e nazistas serem cruéis quando no papel de dominadores, mas quando dominados revelavam-se extremamente covardes, não suportavam 5 minutos de pressão, choravam logo, caguetavam os companheiros.
Covardes e ignorantes, é o que são.