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O idiota útil que apoia Cunha é cúmplice de seus crimes e do risco à democracia. Por Kiko Nogueira

Morenazis

 

O governo do Brasil pode ser derrubado por um bando de pessoas acusadas de corrupção, liderado por um sujeito que mete a mão há décadas sem ser incomodado.

Com um detalhe importante: a anuência e a militância de milhares de idiotas úteis de todas as formas, preços e tamanhos que acham que Eduardo Cunha é um herói que vai nos livrar da corja bolivariana.

Você deve conhecer um deles. Não só no Congresso. Toda família tem um boçal desse tipo. Em toda esquina, em toda rede social perto de você.

Marta Suplicy repetiu numa entrevista ao Correio Braziliense que foi para o PMDB por causa da “corrupção”: “A diferença é que no PT existe uma manutenção da estrutura partidária com recursos públicos. E no PMDB não vejo isso, vejo pessoas sendo investigadas, que eventualmente podem se tornar rés, ir para a cadeia. Até agora, não aconteceu isso nesse nível, não é?”

Não, não aconteceu nada. Revoltados On Line, colunistas hidrófobos e outros extremistas ainda se penduram no saco de Eduardo Cunha com perguntas retóricas do tipo “por que só ele?”

Ora, as contas na Suíça são dele, não suas, as autoridades de lá não são como as daqui, porque ele é um operador reconhecido, porque mentiu à CPI etc etc etc.

A tática estúpida e irresponsável do “inimigo do meu inimigo é meu amigo” é de curto prazo e não tem sentido quando o companheiro de ocasião pode ser preso amanhã.

A isso se dá o nome de cumplicidade. Aécio, Agripino, Caiado, Bolsonaro, Paulinho da Força, Carlos Sampaio — complete a lista — são cúmplices de um crime. Bem como o fanático que continua apoiando Cunha com sua panela seletiva.

Em Dresden, na Alemanha, um grupo de colombianos que portava bandeiras com uma suástica foi espancado por neonazis numa manifestação, confundidos com refugiados. Foi em setembro.

Um deles reclamou: “Nós também somos de raça pura. A questão é que o clima nos afetou mais do que aos alemães”. Os “morenazis”, como são chamados, voltaram para casa humilhados, subjugados, mas crentes de que ajudaram uma causa. Como na fábula, são ratos querendo se passar por gatos, que acreditam na autoilusão até ser devorados.

O Brasil está sendo vítima de ratos, gatos e sobretudo do idiota útil.

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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