Há uma patologia psicológica que talvez explique a duração prolongada de namoros ou casamentos já arruinados: o sofrimento pode viciar tanto quanto chocolate ou cigarro.
Entra aí o paradoxo do êxtase no suplício, uma filigrana mental tão sutil que só de pensar em descrever me vem um sentimento invencível de preguiça.
E existe um fator físico poderoso: o sexo. Quanto mais tóxica a relação, melhor aparentemente o sexo. Horas incessantes de inferno são substituídas por momentos fugidios de glória sexual. A mulher que ainda há pouco agredia você em palavras e às vezes em gestos suplica por tapas, às vezes pancadas.
Parece fantástico.
Mas um segundo olhar mostra que, passada a ilusão do deslumbramento erótico, o sexo que emerge de uma relação tóxica é, ele também, tóxico.