O inimigo número 1 de Barack Obama

Atualizado em 23 de março de 2013 às 18:41

O nome dele é Dinesh D’Souza, indiano-americano, autor do segundo documentário político mais visto da história.

Dinesh D'Souza
Dinesh D’Souza

 

Lançado no ano passado, 2016: Obama’s America se tornou o segundo documentário político mais visto da história. Estreou num cinema em Houston, no Texas, e em dois meses estava no circuito nacional, em mais de 2 mil salas. Faturou 33,5 milhões de dólares (custou 2,5 milhões). Só perde para Farenheit 9/11, de Michael Moore.

D’Souza avisou que está fazendo uma sequência chamada America. “Nós vivemos no país em que avisamos que viveríamos se Obama fosse reeleito. Os americanos estão certos de ficar aterrorizados diante da transformação que estão presenciando. Mas é em momentos de perigo como esse que precisamos nos unir e redescobrir os princípios que fizeram a América grande”.

D’Souza é o Michael Moore da direita. É escritor, acadêmico e ex-analista político da Casa Branca no governo Reagan. Em 1997, escreveu Ronald Reagan: How an Ordinary Man Became an Extraordinary Leader (Como um Homem Comum se Tornou um Líder Extraordinário). Em 2002, publicou o best seller What’s So Great About America (O que a America tem de Tão Grande). É uma espécie de guru das novas gerações de conservadores.

Ficou famoso mesmo com o documentário. Está disponível no Yotube. D’Souza, que narra, dirige e é o ator principal, fez um libelo com teorias conspiratórias. Dá, a certa altura, uma certa vergonha alheira. A ideia central é que Barack Obama é anticolonialista – uma visão herdada de seu pai, o queniano Barack Sr., retratado como um bêbado que abandonou a mulher e o pequeno futuro presidente. D’Souza vai até o Quênia entrevistar uma parte da família. Sai correndo porque surgem elementos ameaçadores (no vídeo aparecem uns gatos pingados numa moto, o suficiente para a equipe de filmagem bater em retirada).

Encontra um meio irmão de Obama, George, numa entrevista que acabou ficando famosa. Ele tenta, de todas as maneiras, culpar o presidente pelo fato de George morar num casebre, mas George não cai em uma mísera armadilha. Por fim, chega ao túmulo de Barack Sr.. Pega nas mãos a terra em torno da sepultura e prova por que os EUA estão sendo liderados por um traidor da pátria.

Seu background é curiosamente parecido com o de Obama. Têm a mesma idade. D’Souza nasceu em Mumbai de pais naturais de Goa (que tem imigração portuguesa, daí o sobrenome). Mudou para os Estados Unidos em 1978 através de um programa de intercâmbio do Rotary e, aos poucos, virou um super herói americano convertido. Gosta de descer a lenha no que chama de esquerda cultural. Segundo o professor, ela é responsável pelo 11 de setembro – além da mídia, de Hollywood e das universidades. Responsabilizou os liberais de Los Angeles por seu filme não ter sido indicado ao Oscar.

“Nosso presidente está preso na máquina do tempo de seu pai. Os EUA são governados de acordo com os sonhos de uma tribo dos anos 50. Aquele bêbado africano socialista está mandando na agenda através da reencarnação de seus anseios em seu filho”, diz ele. Em 2012, o governo se viu obrigado a dar uma resposta oficial, declarando que o documentário é “uma manobra insidiosa para atingir de maneira desonesta o presidente”.

É incrível como D’Souza consegue convencer alguém, mas o fato é que ele fala com milhões de pessoas. Não foi suficiente para impedir a reeleição de sua nêmesis. Provavelmente ele prega para quem já está ao seu lado. O discurso divorciado da realidade é uma amostra de por que Mitt Romney e seus amigos republicanos perderam relevância. Obama deve agradecer diariamente por ter inimigos terríveis como Dinesh D’Souza.