O laudo da PF sobre a tornozeleira que Bolsonaro queimou com ferro de solda

Atualizado em 25 de novembro de 2025 às 0:59
Perícia aponta ferro de solda e reforça violação deliberada da tornozeleira por Bolsonaro

A perícia da Polícia Federal concluiu que Jair Bolsonaro tentou abrir a tornozeleira eletrônica utilizando uma fonte de calor. O laudo, ainda sob sigilo, identificou a presença de partículas de ferro na área queimada do equipamento, reforçando que o ex-presidente acionou um objeto metálico aquecido contra o case de plástico. A conclusão confirma as primeiras informações levantadas pela Secretaria de Administração Penitenciária do DF no momento da ocorrência. Com informações da CNN Brasil.

Segundo o documento, os peritos observaram danos físicos compatíveis com o uso de uma ferramenta pontiaguda de ferro ou aço exposta a calor contínuo. O padrão encontrado é consistente com um ferro de solda, exatamente o instrumento citado pelo próprio Bolsonaro ao admitir o ato. O equipamento testado pelos peritos apresentava marcas de derretimento ao redor do fecho e sinais de tentativa de abertura.

O trabalho pericial utilizou registros fotográficos, análises microscópicas e microfluorescência de raios-x. Os especialistas também realizaram testes comparativos com uma tornozeleira íntegra, para avaliar diferenças estruturais e confirmar que o dano não poderia ter sido causado por impacto ou queda. O laudo classificou os danos como “significativos” e destacou a aplicação de calor direto na região protegida do aparelho.

Laudo confirma tentativa de abrir tornozeleira com ferro quente; STF já citou violação

As conclusões reforçam a avaliação apresentada pela PF ao ministro Alexandre de Moraes, que citou a violação como um dos motivos para converter a prisão domiciliar de Bolsonaro em prisão preventiva. O ministro afirmou que houve descumprimento objetivo das medidas cautelares e risco concreto de obstrução da fiscalização. A Primeira Turma do STF manteve a prisão por unanimidade nesta segunda-feira.

Um segundo laudo está em elaboração para analisar possíveis danos ao circuito eletrônico interno da tornozeleira. Essa etapa verificará qual sensor foi acionado durante o aquecimento e se houve algum comprometimento funcional do sistema. Segundo fontes da PF, esse exame é tecnicamente mais complexo e envolve especialistas em eletrônicos.

Apesar disso, a PF avaliou que o sistema de monitoramento funcionou adequadamente, já que a central foi alertada sobre a violação ainda na madrugada. A detecção automática do dano e o acionamento imediato da fiscalização indicam que a integridade dos sensores principais se manteve preservada.

Os testes estão sendo conduzidos no Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Brasília, o mesmo complexo onde Bolsonaro está preso desde sábado. A proximidade acelera o fluxo de análise e facilita a troca de informações entre peritos e a área de monitoramento da Seape-DF.

Bolsonaro admitiu ter usado um ferro de solda e alegou “curiosidade” ao justificar o ato. O depoimento foi considerado pela PF e pelo STF como confirmação da tentativa deliberada de violar o equipamento. A apuração sobre eventuais danos adicionais ao circuito segue em andamento.