O ‘lavajatismo’ destruiu a PGR. Fernando Brito

Atualizado em 22 de junho de 2021 às 20:03
Augusto Aras e seu amigo Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Migalhas

Publicado originalmente no Blog do Autor

O fortalecimento do Ministério Público Federal, a partir da Constituição de 1988, foi uma dos maiores passos para o respeito à lei e a coerção aos abusos do poder – político e econômico.

Mas hoje, às vésperas da escolha – meramente cenográfica – da lista tríplice que deveria, mas não vai, orientar a escolha do Procurador Geral da República, executa-se uma espécie de marcha fúnebre da instituição, que volta a aos tempos de “engavetador geral da República” dos anos FHC ou a algo ainda pior, porque àquela época ainda havia uma geração rebelde de procuradores, dispostos a lutar pela ampliação de seu papel institucional.

O mais trágico é que foram os próprios procuradores, desenvolvendo há tempos o espírito de casta privilegiada e, desde 2015, aceitando um projeto de promoção político-partidária simbolizado pela Lava Jato.

Criaram, junto com Sergio Moro e a mídia, uma associação para delinquir contra o Estado de Direito e manipularam os processos – e as delações – para transformarem-se sem supostos justiceiros que, agora, desmoralizado, têm de esconder seus “heróis” com pés de barro, porque atolados em ilegalidades que, afinal, foram reconhecidas pelo Supremo, com a anulação, por incompetência e por suspeição, nos casos contra Lula na maldita vara federal de Curitiba.

Tem toda a razão o jornalista Kennedy Alencar ao apontar, hoje, no UOL, os procuradores da República como ” corresponsáveis pela eleição de Bolsonaro e pela destruição institucional do país”.

E nem podem dizer que é o vergonhoso Procurador Geral de hoje, escolhido apenas pelo ex-capitão, o responsável por isso, na sua interesseira sabujice na busca aparentemente frustrada por uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.

Se os alucinados da “Força Tarefa” de Curitiba, em uma conjunção carnal e ilegal com Moro foram os que os empurraram por esta estrada, não há como negar que o espírito de perseguição espalhou-se por boa parte da categoria e encontrou na desequilibrada figura de Rodrigo Janot seu símbolo maior.

Agora, o MPF já não tem flechas e o bambu, nas mãos de Bolsonaro, vai “cantar” no seu próprio lombo.