O legado de Weintraub: 33 erros de português em dois meses no Twitter. Por Vinícius Segalla

Atualizado em 19 de junho de 2020 às 14:43
Protesto contra Abraham Weintraub enquanto ele gozava férias, em julho, no Pará (Foto: Reprodução)

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, cometeu, pelo menos, 33 erros de língua portuguesa em sua conta no Twitter entre os dias 25 de junho e 22 deste mês. É o que mostra levantamento feito pelo Diário do Centro do Mundo, conforme se observa nas imagens abaixo.

Embora possa ser considerada alta, inclusive porque o ministro esteve sem trabalhar, de férias no Pará, em julho, a média de erros de Weintraub não é recorde. O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente da República e membro informal do governo, já chegou a cometer, pelo menos, 40 erros de português em 30 dias de publicações em seu Twitter.

O ministro da Educação tem sido alvo de críticas por suas postagens no serviço de microblog. Por meio de sua conta, ele já incentivou a violência contra estudantes e fez piadas com a morte de pessoas, com a torcida da Portuguesa de Desportos e com o tráfico de drogas em um avião da Força Aérea Brasileira pertencente à comitiva presidencial, entre outras imposturas.

Em todas as oportunidades, afirmou que sua conta pessoal do Twitter não deve ser tema de debates públicos, e que ele escreve o que bem entender ali. Sobre os erros de português que comete na conta, não disse coisa alguma.

Veja, abaixo, as incorreções ortográficas do ministro responsável pela pasta que cuida da alfabetização do povo brasileiro.


Erro: não existe a crase escrita pelo ministro.

Erro: existe hífen em “má-fé”.


Erro: existe hífen no termo “vice-reitor”.


Erros: “bem-humorado” leva hífen. Após dois pontos e ponto e vírgula, a letra deve ser minúscula.


Erro: a presença ou a ausência de preposição pode alterar o significado do verbo no contexto em que ocorre. “Aos brasileiros que irão à Olimpíada” seria a forma correta na frase do ministro.


Erro: “Cheguei a SP”.


Erros: a vírgula deve ser usada quando o adjunto adverbial (no caso, “Depois”) estiver deslocado da ordem direta: “Depois, ganharam contratos bilionários do governo Nazista (lembra alguém?)”. Zyklon B é a grafia correta do produto a que se refere o ministro.


Erro: na primeira frase, o ministro separa sujeito do predicado por vírgula.


Erros: “Todas têm sido muito importantes”. “Agradecer” é verbo transitivo direto e indireto. O objeto direto é representado pela coisa; o indireto, pela pessoa. Assim, “Agradeço novamente as inúmeras manifestações de apoio”, sem crase.


Erros: “indivíduo”. “Eu sentaria à esquerda, e PT, à direita”. “Comunismo e nazismo são totalitários, SIM!”


Erro: o ministro quis dizer Corega.


Erro: “Che Guevara”.


Erro: faltou a vírgula indicando que palavras foram eclipsadas: “Eu, o mais bonito”.


Erro: A vírgula é obrigatória antes da conjunção “e” quando há orações aditivas de sujeitos diferentes. “Cuidem bem dele, e que Deus proteja a todos”.


Erro: “identificamos indícios de sabotagem em sistemas como os do ProUni e do Fies”.


Erros: falta vírgula na primeira frase, após o adjunto adverbial deslocado (“Após 46 anos, a Portuguesa”). Está errado o nome da Associação Portuguesa de Desportos. Está errado o nome da perua Kombi.


Erros: o ministro quis dizer hóquei. A palavra que ele escreveu existe apenas na língua inglesa e significa, segundo o dicionário da Universidade de Cambridge, “too emotional or artificial and therefore difficult to believe”, ou, em tradução livre, “muito emotivo ou artificial e, por consequência, difícil de se acreditar”. A modalidade a que o ministro tentou se referir é o hóquei em patins ou sobre patins.


Erro: a vírgula é obrigatória quando a conjunção “mas” marca uma oração coordenada adversativa, que indica relação de oposição entre as unidades ligadas. “A camisa é vermelha, mas o número NÃO é 13 :D”.


Erro: bem-vindo(s) é palavra formada através de composição por justaposição e leva hífen.


Erro: falta um verbo. “Isso reforça a credibilidade do exame, a parceria com Portugal e (“dá”, ou “garante”…) maior acesso ao conhecimento científico.”


Erro: reencontrar é verbo transitivo direto, cujo complemento, ou seja, o seu objeto, não exige preposição. “Reencontrar minhas amigas e amigo do coral no MEC!”


Erro: “esta gaita”, que está próxima do autor da frase.


Erros: a regência do verbo ir, no sentido de se dirigir, aceita “a” e aceita “para”. “Vai lá no meu Youtube”, para além do emprego equivocado do modo verbal imperativo, carrega erro de regência. O verbo “assistir”, significando “ver” ou “contemplar”, é transitivo indireto: “Para quem não a assistiu e tem interesse em saber”.


Erros: “Com Bolsonaro presidente, temos ministro gaiteiro; com o PT, tínhamos ministros GAIATOS.”