O mal estampado na face de um rapaz de 18 anos

Atualizado em 19 de março de 2013 às 22:42

O estudante de Ohio que matou três jovens, pegou prisão perpétua, riu e xingou os familiares das vítimas.

Lane
Lane

“Nada é mais fácil que denunciar alguém que faz o mal”, escreveu Dostoievsky. “Nada é mais difícil do que entendê-lo”.

TJ Lane, 18 anos, um estudante de Ohio, foi condenado à prisão perpétua nesta terça (19). No ano passado, ele entrou no refeitório de uma escola, sacou uma arma e matou três jovens, dois de 16 e um de 17. Outros três ficaram feridos. Um deles está tetraplégico.

No julgamento, quando instado a se manifestar sobre sua sentença, Lane xingou os familiares dos mortos de uma maneira que não vou reproduzir aqui, riu e mostrou-lhes o dedo médio. A defesa disse ao júri que pediu a seu cliente que ele não dissesse o que estava preparado para dizer, mas o matador ignorou o conselho. Ele estava com uma camiseta em que escreveu “killer” com caneta preta.

“Qual o motivo desse massacre impiedoso? Nós não sabemos a resposta. Aparentemente, ele só queria aparecer na primeira página”, disse o juiz.

Era isso? Lane não era doente mental. “Ao contrário, TJ Lane era um aluno inteligente. Não era louco ou incapaz”, afirmou o juiz. “Ele arquitetou consciente e metodicamente um plano. Claro que sabia que estava fazendo algo errado”.

O depoimento da mãe de uma das vítimas emocionou os presentes. “Eu sofro a cada minuto de cada dia. Eu choro todos os dias. Eu nunca serei a mesma depois disso”, disse. “Meus filhos olham para mim e não reconhecem a mesma pessoa que eu era”.

E olhando na direção de Lane: “Espero que você tenha uma vida fria, dura e inclemente na prisão, com outros monstros como você. Se eu tivesse escolha, você teria uma morte lenta e dolorosa”.

Um dos garotos que foram feridos afirmou que gostaria de ter feito amizade com o assassino. Lane recusou qualquer contato.

Você, eu – ninguém jamais vai entender o que leva alguém como TJ Lane a agir desta forma. Ele veio de uma família desfeita e é incrivelmente comum. Ele poderia estar sentado ao seu lado, no restaurante. Ele poderia ser seu vizinho.

Em O Mestre e Margarida, obra-prima do dramaturgo e escritor russo Mikhail Bulgakov, um estrangeiro misterioso, Woland, visita a Moscou dos anos 30. Woland é, na verdade, o Diabo. “Mas você poderia gentilmente ponderar sobre a seguinte questão: de que serviria o bem se o mal não existisse, e o que seria da Terra se todas as sombras desaparecessem?”, pergunta ele a um visitante. “Afinal, sombras são formadas por coisas e pessoas.”

Sem os TJ Lanes, não veríamos luz.