O médico e o monstro: quem era o homenzinho risonho que assistiu Bolsonaro explorar um suicida numa live

Atualizado em 12 de março de 2021 às 16:40
Bolsonaro e o médico Marcelo Morales, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações

Um tirano nunca será um tirano sem cúmplices e eles, no dia certo, também pagarão pelos crimes que acobertaram.

Na live em que Bolsonaro usou um suicida para atacar o lockdown e vender cloroquina, rompendo os próprios limites de imundice, uma figura risonha assistiu tudo ao lado dele.

Não era um qualquer. Era um médico.

O nome dele é Marcelo Morales, secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

Seu currículo é reluzente: graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo e doutorado em Ciências Biológicas (Biofísica) pela UFRJ, onde hoje é professor.

Sua linha de pesquisa é centrada na área de Biofísica e Fisiologia. É membro Titular da Academia Nacional de Medicina e da Academia nacional de Farmácia.

É a prova de que a Ciência, sozinha, não salva um caráter e não implica em ética ou moral. Os médicos bolsonaristas não trabalham pela vida.

O assistente do ministro astronauta Marcos Pontes foi instado a falar o que achava do fechamento do comércio num momento em que batemos recordes de mortes.

“Presidente, acho que depende tecnicamente de cada momento e situação…”, respondeu.

Bolsonaro então o interrompeu: “Temos um ano de lockdown e o vírus ainda tá aí!”

Morales permaneceu ao lado do líder fascista enquanto ele fazia sua peroração pagã, sua pregação de morte.

Esboçou um sorriso quando o presidente leu suposta carta de um feirante que se matou em Salvador, estado governado por um inimigo.

Calou-se quando Bolsonaro mentiu declarando que o lockdown é mais danoso que o vírus. Naquele instante, marcávamos 2233 brasileiros indo a óbito em 24 horas.

Morales fez parte do trem da alegria que foi a Israel com dinheiro público buscar um spray nasal inócuo.

Vai poder sempre dizer que cumpria ordens.

É um clássico. O arquiteto Albert Speer era chamado de “bom nazista”.

Fez o projeto da Berlim dos sonhos do führer, construiu as principais obras monumentais da Alemanha naquele período.

Foi preso após a guerra e ficou milionário com livros contando sua história.

“Encontrei um homem que encarnava o mal, e para quem a vida humana não tinha qualquer valor interior”, alegava ele, que fazia parte do círculo íntimo de Hitler.

Speer estava apenas “cumprindo ordens”. Os asseclas de Bolsonaro sempre poderão repetir a mesma coisa.