
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, é visto por interlocutores como o ministro mais preocupado com a possibilidade de ser alvo das sanções impostas pelo governo Donald Trump por meio da Lei Magnitsky, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.
Segundo três fontes que participaram de reuniões com magistrados na semana passada, em Brasília, Barroso demonstrou maior tensão em relação ao tema. Embora ainda não tenha sido sancionado, o magistrado teria muito a perder caso seja incluído na lista.
O filho do ministro, Bernardo Van Brussel Barroso, possui um apartamento avaliado em US$ 4 milhões em uma área nobre de Miami, de frente para o mar, registrado em nome de uma offshore. Até o início da crise, Bernardo trabalhava para o BTG Pactual nos Estados Unidos.
Com o cancelamento dos vistos de ministros, ele, que estava de férias na Europa, decidiu não tentar voltar ao país, temendo ser barrado. Atualmente, atua remotamente do Brasil e não tem previsão de retorno.

Barroso também costuma viajar aos Estados Unidos pelo menos duas vezes por ano para dar aulas na Kennedy School of Government, da Universidade Harvard, onde é senior fellow, além de palestrar em universidades como Yale, Stanford e NYU. Convites para esses eventos já haviam sido aceitos antes da decisão americana de cancelar vistos de oito ministros do STF.
A Lei Magnitsky foi aplicada até agora apenas ao ministro Alexandre de Moraes, na forma primária, considerada menos grave. No entanto, membros do governo Trump e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) têm ameaçado estender as sanções a familiares de Moraes e a outros ministros.
Reunião com banqueiros
Na semana passada, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin se reuniram com banqueiros, representantes da Febraban e da Confederação das Instituições Financeiras para entender o funcionamento da Magnitsky e avaliar até onde Trump poderia ir em sua escalada contra o Brasil.
Segundo os executivos, mesmo que os bancos quisessem, não poderiam driblar os bloqueios. Hoje, as sanções contra Moraes afetam operações em dólar, mas ainda permitem o uso do sistema financeiro e do Swift.
A avaliação repassada aos ministros é que a situação ainda é “corrigível”, embora não se descarte que a advogada Viviane Barci, esposa de Moraes, e outros ministros também sejam atingidos.
