O movimento Bom Senso FC marcou um golaço: finalmente apontou a Globo como principal adversária

Atualizado em 17 de outubro de 2014 às 17:36

bom senso

 

O Bom Senso FC, formado por jogadores descontentes, principalmente, com o calendário do futebol brasileiro, marcou um golaço na quarta passada. Nomeou, pela primeira vez de forma clara e cristalina, quem é seu grande adversário. Depois da vitória do São Paulo sobre o Flamengo por 2 a 0, Rogério Ceni falou o que faltava ser falado.

“Por que a Globo não pode ter jogo de segunda-feira? Futebol para o país, dá audiência todo dia. Os atletas se predispõem a ajudar, a jogar. Só não pode jogar quarta, domingo, quarta, domingo. Podemos desmembrar uma rodada no fim de semana. Campeonato Paulista não pode ter 23 rodadas. Isso não é encrenca, chama-se bom senso, que dá nome ao movimento. E não é nada político. Se tiver algo político nesse movimento um dia, eu sou o primeiro a ir embora”.

Noves fora a bobagem de dizer que o movimento não é político (não precisa ter partido para ser político), Ceni foi para cima de quem manda realmente no futebol brasileiro. O monopólio da Globo é responsável pelo horário estúpido das partidas, pelo calendário atrelado à sua programação e tem enorme parcela de culpa pelos estádios vazios.

O diretor da Globo Esportes, Marcelo Campos Pinto, respondeu. No UOL, chamou de “muito estranho” o que Ceni disse. “Não faz sentido”, afirmou, transferindo a responsabilidade de uma posição oficial para a Central Globo de Comunicações. Até agora, nada.

O zagueiro pé de boi Paulo André afirmou que uma das inspirações para o Bom Senso foram as manifestações que tomaram o Brasil. Como para o pessoal nas ruas, a Globo é um alvo óbvio pelo tamanho e o poder que tem. É claro que o protesto de Ceni foi citado de maneira comedida pela emissora. No site do Globo Esporte, entra como um detalhe. Sem nenhuma explicação, como era de se esperar.

Segundo alguns comentaristas, a Globo teria cedido com relação a não ter mais jogos em janeiro. Mas ela não estaria de acordo com o limite de sete embates por mês, uma das demandas do Bom Senso.

O fato de você estar acostumado com uma situação maluca não significa que ela não seja maluca. O futebol brasileiro é gerido, na prática, não pela entidade que o representa, mas por um canal de TV. O meia Alex foi preciso quando apontou, ainda em agosto, que a CBF cuida apenas da seleção brasileira. “Quem realmente cuida do futebol brasileiro é a Globo. A gente sabe que a Globo trabalha na dependência da novela. A gente brinca aqui no Coritiba que os jogos de quarta-feira só rolam depois do último beijo da novela”, disse.

Faz todo o sentido. Que tipo de represália poderia haver? Bem, jamais saberemos. Uma coisa é certa: o futebol pode prescindir de qualquer coisa, menos dos 22 marmanjos chutando a bola. Os atletas do Bom Senso FC estão fazendo bonito ao apontar o dedo para quem realmente manda, e não apenas para a empresa chefiada por um pamonha chamado Marín.