O MP pediu bloqueio dos bens de José Júnior, do AfroReggae, o parceiro na favela de Huck, Aécio, Cabral e Armínio

Atualizado em 6 de agosto de 2017 às 9:22
José Júnior, do AfroReggae, e o amigo Huck

O Ministério Público do Rio de Janeiro pediu o bloqueio de bens de José Júnior e outros quatro integrantes do AfroReggae. Improbidade administrativa, informa Lauro Jardim no Globo.

Há irregularidades em um convênio de 2 milhões de reais firmado em 2009 entre a ONG e a secretaria estadual de Educação nos tempos de Sérgio Cabral.

O AfroReggae não apresentou a prestação de contas do termo aditivo do contrato, “de modo a gerar o enriquecimento ilícito”, segundo o MP.

As autoridades querem as contas dos envolvidos inacessíveis até que o valor seja devolvido ao erário.

José Júnior é uma espécie de embaixador dos pobres para gente rica e oportunista.

Tem fotos desfilando com Cabral, Aécio, Luciano Huck, entre outros. Assim como João Doria é o espírito paulistano médio escarrado, Junior é um subproduto da promiscuidade e do jeitinho cariocas.

Vive na Globo. Ganha algum “prêmio” todo ano. Suas relações lhe rendem contratos e favores.

A produtora audiovisual de sua ONG tem entre os sócios Armínio Fraga. “O Armínio adora opinar na parte criativa. Ele é fã de Netflix, entende muito de seriados”, disse à Veja Rio.

Em junho, o canal Multishow deve passar a série “Fui Bandido”, sobre criminosos recuperados, sua especialidade.

Participação especial de Huck. “É uma das pessoas mais preparadas que conheço. Eu votaria nele fácil”, conta Júnior. “Ele quer se candidatar, mas talvez ainda não seja a hora dele”.

Em abril de 2015, JJ mostrou sua cara.

No Facebook, escreveu que o menino Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos, assassinado pela polícia no Complexo do Alemão, “era bandido”.

“Esse menino segundo informações era bandido. Provavelmente se fosse bandido poderia ter matado um policial se tivesse oportunidade. A questão é quem está ganhando com essa guerra? Famílias inteiras sendo dilaceradas. Parte do efetivo do Complexo do Alemão e outras favelas tem como mão de obra meninos e meninas”, mandou.

Após as críticas, editou o post, mas como a errata ficou pior, a solução foi apagar de vez.

Aécio e Júnior em campanha

Nosso colunista Marcos Sacramento contou a história:

José Júnior preside uma ONG surgida sob os ecos da chacina de Vigário Geral, cuja missão, no papel, é “promover a justiça e a inclusão, através da arte, da cultura afro-brasileira e da educação”.

Incautos deveriam esperar dele, no mínimo, mais compaixão pela vítima.

Mas é só olhar a página de Júnior no Facebook para descobrir como ele está próximo das mentes reacionárias que pregam que “bandido bom é bandido morto” e defendem a volta do regime militar.

Entre as últimas postagens estão convocações para as manifestações contra o governo Dilma e o PT. Não há uma única referência ao extermínio da juventude negra, tema corriqueiro na agenda de 10 entre 10 ativistas sociais. A redução da maioridade penal, sobre a qual Júnior se diz contra, é abordada de forma bem discreta, asséptica.

A conta do Instagram entrega mais ainda. Tem fotos dele ao lado de Rogério Chequer, o obscuro líder do movimento Movimento Vem Pra Rua, com o coxinha supremo Luciano Huck e com o aliado político Aécio Neves.

Aliança, pelo visto, que não terminou com o fim da campanha presidencial e se estende aos asseclas do neto de Tancredo, com direito a post em defesa do senador e ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia, na ocasião em que foi citado na Operação Lava Jato.

“Antonio Anastasia é um dos politicos + integros e honestos desse país! Não votei nele porque voto no Rio + acredito na sua inocencia! Nem todo mundo é farinha do mesmo saco! Ele eu sei q ele não é! Não podemos deixar os homens bons serem massacrados pela perversidade (sic)”.

Além da amizade com Huck, José Júnior se gaba de suas relações com o ex-presidente da Editora Abril, Fábio Barbosa, que o levou para almoçar no restaurante da sede em São Paulo.

Foi capa da revista Trip mais de uma ocasião, posando como “empreendedor social” ou algo do gênero. É frequente em festas da Globo para dar um ar radical chic. Nunca ficou claro como sua ONG era financiada.

Mas este é o José Júnior. Defende de olhos fechados o amigo senador com a mesma celeridade com que reverbera calúnias a respeito de uma criança morta com um tiro na cabeça. O tempo irá dizer se ele é um ativista bem intencionado que errou na escolha das amizades ou se não passa de mais um oportunista.

Quer dizer, o tempo já passou…