O ‘mulherismo’ insano de Dado Dolabella

Atualizado em 12 de novembro de 2015 às 12:48
Foi mal
Foi mal

Dado Dolabela conseguiu sintetizar, em um tweet épico de tão patético, o fenômeno de “feministização” de alguns homens completamente alheios à ideologia feminista, distantes anos-luz da real essência da igualdade de gêneros.

E neste ponto, a tempo, talvez, escapar ao eventual linchamento virtual ao qual pode me expor tal afirmação, ressalvo: os homens são bem-vindos no feminismo, desde que compreendam o seu lugar de fala e, antes disso, compreendam o próprio movimento.

Dado, ao contrário, em meio à sua coleção de pérolas insanas – como chamar Duvivier de “marginal” por apoiar o governo Dilma – pronunciou-se a favor do “mulherismo”, mas contra o feminismo. Uma de suas seguidoras fez a pergunta que continua ecoando. Qual a diferença entre “mulherismo” e feminismo, mesmo?

Aliás, antes disso, que conceitue esse neologismo genial – para que nós, mortais, que nunca ouvimos termo tão excêntrico e providencial, acompanhemos o raciocínio.

Ele – o típico machista que agrediu a companheira e não se arrependeu – não é parâmetro nem para o mais medíocre pseudofeminismo, mas nos provoca uma reflexão: quantos homens – neste chamado fenômeno de “feministização” – sequer se preocupam em compreender nossas lutas, sem pressupostos tendenciosos, sem neologismos baratos?

É fácil declarar uma ideologia admirável, ousada, em certo ponto, mas quantos se arriscam a de fato desconstruir o machismo que lhes vêm – e a todos nós, na verdade – doutrinados desde o berço?

Ver homens desconstruindo o machismo nas redes sociais, pregando o amor livre, o respeito à mulher, pedindo que deixem a nossa luta em paz é coisa bonita de ver – mas quantos deles continuam a bater nos ombros de seus amigos que agridem as próprias companheiras? Quantos têm coragem de se declarar feministas numa mesa de bar? Quantos falam em nosso nome mas não perdem a mania de nos silenciar?

Há exceções, é claro, tão raras quanto louváveis. Por isso mesmo não compactuo com a teoria RadFem “racho macho”.

Queremos os homens ao nosso lado, com o desejável espírito de empatia e cooperação – mas que compreendam-nos antes. Sem hipocrisia ou neologismos patéticos.