O novo bestialógico do colunista da Época contra os correspondentes estrangeiros. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 12 de junho de 2016 às 10:57
Ele frequenta programas como o do midiota Gentili
Ele frequenta programas como o do midiota Gentili

Guilherme Fiúza, da Época, gravou um vídeo no qual confirma a impressão que sua infame coluna provocou: é um idiota. Melhor, um midiota. O vídeo está no seu Twitter.

Na coluna, ele insinuou que o NYTimes estava no bolso do PT por adotar uma linha crítica contra o golpe. O desvario começava no título: “Carta aos Covardes”.

Ainda que o PT houvesse comprado toda a imprensa mundial, e mais o Papa Francisco, e mais todos os intelectuais e políticos que condenaram o golpe em tantos lugares no exterior: que isto tem a ver com covardia?

Nas redes sociais, a coluna de Fiúza foi objeto de amplo, geral e irrestrito escárnio. Os correspondentes internacionais se juntaram ao do NYT no Brasil, Simon Romero, para expressar sua estupefação com tamanha sandice. Ele rivalizou com o estapafúrdio artigo que João Roberto Marinho mandou ao Guardian para negar o golpe e dizer que a mídia brasileira é plural.

Foi notado também, além do português claudicante, o inglês primitivo. Fiúza usou o termo “dear fellows” — que muito tempo atrás caiu em desuso e hoje atrai gargalhadas para quem o emprega.

Fiúza quis dizer, não em tom contrito, mas estranhamente eufórico e desafiador, que quis fazer uma piada. Que foi irônico quando, por exemplo, mandou os correspondentes se mudarem para a Venezuela.

Mas o alvo mesmo de Fiúza eram os sites de esquerdas. E é aí que ele revela, gloriosa, sua mistura de inépcia e obtusidade, acrescida de má fé.

Ele acusa os sites de esquerda de serem financiados pelo PT.

Ora, ora, ora.

Nos anos do PT no poder, a Globo de Fiúza recebeu 6 bilhões de reais em publicidade. Isso só a televisão, e mesmo com as constantes quedas de audiência em toda a sua programação, do jornalismo às novelas.

Ao longo de sua história, a Globo sempre viveu do dinheiro público. Recomendo a Fiúza que leia Dossiê Geisel, um livro da FGV-Rio que compila os documentos pessoais de Geisel em seus contatos com os ministros.

Ali está relatada a saga de Roberto Marinho. Como conta um dos homens fortes de Geisel, Roberto Marinho vivia pedindo à ditadura “favores especiais” por seu seu “mais fiel e constante amigo” na imprensa.

Favores especiais eram novas concessões, publicidade copiosa, mamatas fiscais — e por aí vai. Até hoje, a imprensa — saberá Fiúza disso? — goza de reserva de mercado. Os Marinhos jamais estiveram expostos à concorrência internacional, um privilégio abominável. Os Marinhos, como seus congêneres, continuam a não recolher impostos sobre o papel que compram para imprimir seus jornais e revistas. É o “papel imune”.

Foi o dinheiro público — do BNDES — que patrocinou a gráfica nova e ruinosa da Globo, inaugurada no final da década de 1990. A gráfica em si foi construída pela Odebrecht: podemos imaginar os termos do negócio.

No livro de Geisel, o ministro Armando Falcão escreveu para seu chefe um fato lamentável da vida: “Nenhum jornal vive ou sobrevive sem o governo.” O governo deveria usar isso, acrescentou.

A ditadura fez isso. O dono do Jornal do Brasil, Nascimento Brito, foi pessoalmente informado por um figurão do regime que deveria revogar imediatamente a contratação de Carlos Lacerda como colunista. (Lacerda, um golpista contumaz, tinha àquela altura rompido com os militares, que não lhe deram de bandeira a presidência como ele desejava.)

FHC, pelo BNDES, salvou a Globo quando os Marinhos investiram desastrosamente em tevê por assinatura e quebraram.

E Fiúza tem a coragem de apontar os dedos desinformados para para os sites independentes? Um relatório vazado pela turma de Temer falou em 11 milhões de reais em publicidade — repito: publicidade — para todos os sites de esquerda somados.

É uma cifra insignificante, miserável diante do público dos sites independentes. Mostra o quanto eles foram descriminados na era PT em favor da mídia plutocrata e golpista.

E notemos: a audiência da mídia digital progressistas é composta de muitos milhões de brasileiros que detestam e desprezam a Globo de Fiúza e a Veja, e a Folha, e o Estadão.

São pessoas que abastecem seus carros, escolhem seus bancos e fazem tudo aquilo que o público midiota faz. Mas para a Secom, o departamento do governo que administra a publicidade, elas foram simplesmente ignoradas.

O que os barões da mídia querem é que desapareçam os sites independentes, para que eles voltem a ter o monopólio da opinião e da narrativa dos fatos.

Em sua sanha pelo dinheiro público, a Globo de Fiúza acabou por incorporar a sonegação milionária de impostos.

Recursos que deveriam construir escolas, hospitais, portos acaba no bolso dos Marinhos para reforçar seu patrimônio bilionário e, com as sobras, pagar fâmulos como Guilherme Fiúza.