O ‘novo’ Ciro Gomes ataca Lula e as esquerdas e se joga nos braços da direita. Por Moisés Mendes

Atualizado em 14 de julho de 2021 às 9:12
Ciro Gomes. Reprodução

Ciro Gomes disse ontem a Roberto D’Avila, na GloboNews, que não fugiu para Paris e que votou em Fernando Haddad em 2018. Afirmou que só o que ele não fez foi campanha para Haddad.

Ciro disse, em tom de apelo, que não quer mais ser conhecido por frases infelizes e adjetivos fortes, porque chegou agora à maturidade. Não é mais o homem do pavio curto.

Lula e Bolsonaro, segundo ele, se dedicam ao mesmo modelo de gestão do Brasil. Ele é o novo, e Lula é o velho.

Repetiu que “Lula é o maior corruptor da história moderna brasileira”. E que ele, Ciro, tem “mais conteúdo para repartir numa palestra do que o Lula”.

D’Avila perguntou com quem ele tem conversado. E Ciro disse que conversa com presidentes dos maiores bancos e dos grandes conglomerados. Nessa ordem.

Não contou se conversa com alguém do povo, sindicatos, entidades, índios, ONGs. Só citou os os banqueiros e os conglomerados e, genericamente, disse que conversa com todo mundo que queira ajudar o Brasil.

Ciro acha que Bolsonaro, que ele define como criminoso, está transformando parte dos militares e das polícias em partido armado.

Ciro tentou se apresentar como outro homem, mas sem saber dizer direito que homem é esse. O novo Ciro Gomes, que se apresenta como a terceira via, é um sujeito dependente do velho Ciro Gomes.

Desde o início, Ciro bateu forte na direita e na esquerda, porque pretende, como admitiu, conquistar esse centro difuso e nebuloso que é a direita encabulada.

Sim, essa direita é importante para a democracia, é decisiva para a governabilidade em qualquer país, mas é direita.

O ex-tucano desistiu de se apresentar como alguém de esquerda e fez força para empurrar essa tarefa para Lula. Ciro não quer mais saber de rótulos que o incomodem.

Ciro parece mesmo querer ser um novo Geraldo Alckmin, com a diferença de que Alckmin não odeia tanto Lula, o PT, o PSOL e o PCdoB, depreciados em tom de deboche por ele na entrevista.

E tem quem ainda ache que Ciro é trabalhista e brizolista.