O Novo Gatsby

Atualizado em 12 de junho de 2013 às 19:29

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Nunca um trailer despertou tamanha polêmica.

Meses antes de chegar ao cinema – a previsão é dezembro próximo – o Gatsby de Baz Luhrmann (Moulin Rouge) estorou sensacionalmente na internet com o trailer.

Domesticamente, tive uma amostra disso. Meu mano Kiko detestou. Eu adorei. Com exclamação.

A pequena amostra do que vem por aí já tem mais de 2 milhões de vistas no YouTube, e está sendo comentada intensamente em sites de todo o mundo por críticos de cinema extasiados ou ultrajados.

Luhrmann como que deu um choque elétrico na primeira versão de Gatsby, de 40 anos atrás, com Robert Redford e Mia Farrow. Onde havia um ritmo lento, silencioso, sutil Luhrmann colocou uma extravagância multicoloridade e barulhenta que remete em 3D inevitavelmente a Moulin Rouge. Milhões de pessoas estão ansiosas agora para ver o filme. Di Caprio como Gatsby volta enfim a ter um grande desempenho depois de Titanic, e isso em circunstâncias difíceis dadas as inevitáveis comparações com Robert Redford. Carey Mulligan é uma Daisy tão convincente quanto Mia Farrow.

Repito a velha pergunta: ninguém no Brasil para fazer um filme parecido com este? Escritores como FS Fitzgerald, o autor de Gatsby, publicado em 1925, temos. Machado de Assis, por exemplo. Nunca ninguém fará um Dom Casmurro decente? Rio de Janeiro, adultério, morte, mulher deslumbrantemente enigmática – Dom Casmurro tem tudo. Menos um cineasta brasileiro capaz de torná-lo um filme bom. Lamentavelmente, só sabemos fazer filmes que são telenovelas condensadas em duas horas de tédio.

Já conto os dias para ver Gatsby. Escrevi outro dia aqui no Diário que fui ver uma montagem em Londres, com Erika.

É um de meus romances favoritos. Favoritíssimos.

Pena.

Pena que, por mais que o filme seja reinventado, Gatsby não terá o final merecido. Não alcançará o sonho que por um momento pareceu ao alcance dos dedos – reconquistar a pérfida, egoísta, desprezível Daisy.

Será traído por todos que o adularam exceto Nick, o narrador do livro, um alterego do próprio Fitzgerald, Nick, aquele que dá o grito capital pouco antes da queda final de Gatsby, uma frase que ainda hoje me comove, mais de trinta anos depois de tê-la lido pela primeira vez: “Ei, Gatsby, você é melhor que todos eles.”