O novo homem forte do partido nanico. Por Luis F. Miguel

Atualizado em 3 de dezembro de 2023 às 9:25
Aécio Neves. Foto: reprodução

A eleição de Marconi Perillo para a presidência do PSDB marca o retorno de Aécio Neves ao primeiro plano da política brasileira.

Aécio, vocacionado para playboy e colocado pelo avô na política, fez uma carreira improvável.

(A entrevista do Aécio adolescente, quando fazia intercâmbio nos Estados Unidos, ainda é o melhor retrato da mentalidade classe dominante brasileira. “A vida das mulheres é fácil no Brasil”, disse o jovem Aécio. “Todo mundo tem uma empregada ou duas; uma para cozinhar, outra para limpar”. E confessou: “Eu nunca fiz minha própria cama”.)

Foi um péssimo governador, mas um marketing pesado sustentou, por algum tempo, a lenda de “grande administrador”.

Pesou para isso o fato de não existir imprensa em Minas Gerais. Uma parte Aécio comprou. Outra parte sofreu forte intimidação.

Abundam indícios, aliás, de que Aécio tem um pezinho no gangsterismo político. Nos momentos de desconcentração, faz brincadeiras sobre assassinar desafetos.

Para proteger suas “lojinhas”, como ele celebremente denominou seus negócios quando conversava sobre propinas com Joesley Batista.

A coisa era tão séria que Romero Jucá, quando propôs o famoso “grande acordo nacional”, profetizou que Aécio seria o primeiro a ser comido.

Marconi Perilo, o novo presidente do PSDB e Aécio Neves. Divulgação

Pois não foi. Ficou meio escondido por uns tempos. Teve que descer de senador para deputado federal. Elegeu-se – não fez uma grande votação, foi o 33º de Minas, mas renovou o foro privilegiado.

Está sendo absolvido nos processos, em que pesem as evidências. Seus colegas da elite política já não se envergonham de aparecer ao lado dele.

Agora alimenta o sonho de concorrer mais uma vez ao governo. E voltou a cantar de galo no PSDB. A indicação de Perillo, para substituir Leite, tem o objetivo expresso de dar liberdade ao partido para fazer oposição ao governo Lula.

Partido decadente, reduzido à condição de nanico, o PSDB parecia condenado a ser um Centrão com grife. Sob a liderança de Aécio, está escolhendo um novo rumo: virar linha auxiliar do bolsonarismo.

Publicado originalmente no Facebook do autor

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