
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem dito a aliados que pretende “explodir” politicamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nas próximas semanas, segundo Lauro Jardim, do jornal O Globo. O terceiro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo interlocutores próximos, prepara uma ofensiva pública contra o ex-ministro da Infraestrutura, hoje visto como uma das principais lideranças da direita moderada e potencial rival na corrida presidencial de 2026.
Enquanto isso, Tarcísio, ciente de que está no alvo do “bananinha”, mantém o silêncio e tenta evitar qualquer escalada no conflito interno do bolsonarismo. A relação entre os dois azedou nos últimos meses, à medida que Tarcísio passou a se distanciar do núcleo mais radical do bolsonarismo e a adotar um discurso pragmático de gestão.
Eduardo, por sua vez, vê o movimento como uma tentativa de construir uma candidatura independente do legado do pai. Mesmo sem reagir, o governador sabe que virou um dos principais focos de irritação da ala mais ideológica da direita, que o acusa de se aproximar de setores considerados moderados e de buscar apoio político fora do PL.
Nos bastidores, Tarcísio tem repetido que não responderá aos ataques e que o deputado “não é um problema seu”. A estratégia, avaliam aliados, é esvaziar o embate e deixar que o tempo reduza a temperatura da crise. “A ordem é não reagir, não dar palco e não entrar em briga com o bolsonarismo”, resumiu um assessor do Palácio dos Bandeirantes à coluna de Bela Megale, do Globo. O governador reforça em conversas privadas que não é candidato à Presidência e que sua prioridade é disputar a reeleição em São Paulo.

Recentemente, um aliado ofereceu a Tarcísio a possibilidade de participar de um encontro com o presidente estadunidense Donald Trump — uma forma de equilibrar a aproximação de Lula com Washington e reforçar sua imagem no cenário internacional.
O governador, no entanto, recusou a proposta, deixando claro que não queria ser usado como contraponto político a Eduardo ou à família Bolsonaro. Na visita que fez ao ex-presidente no fim de setembro, Tarcísio também evitou tocar no nome do deputado, preferindo tratar apenas de temas administrativos e eleitorais ligados a São Paulo.
Apesar da postura contida, o entorno de Eduardo e integrantes do Centrão não acreditam que Tarcísio esteja fora da disputa presidencial. O ceticismo cresceu depois de sua atuação contra a Medida Provisória do IOF, que buscava ampliar a arrecadação do governo Lula.
O gesto foi visto como um alinhamento ao empresariado e às bancadas de centro-direita no Congresso, o que reforçou a percepção de que o governador trabalha silenciosamente para se projetar nacionalmente.