O octogenário Bob Dylan explica a queda da estátua da Havan. Por Fernando Miller

Atualizado em 25 de maio de 2021 às 9:09

Uma das notícias mais comentadas dessa segunda-feira foi a queda da réplica da Estátua da Liberdade da filial da Havan na cidade de Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul.

Foi no dia do octagésimo aniversário de Bob Dylan.

Maio é é mês de CPI da Covid, das investigações das negociatas do Ministério do Meio Ambiente, do Tratoraço e do derretimento da popularidade de Bolsonaro, evidente a cada pesquisa sobre a eleição presidencial de 2022.

Onde todas essas notícias encontram-se? Na foto acima.

A Havan é mais do que uma loja. É um símbolo do bolsonarismo. Luciano Hang é um dos maiores defensores do presidente Jair Bolsonaro. Comprar ou não dessa loja virou um ato político no país polarizado em que vivemos.

Na foto, vê-se a estátua caída. A causa do acidente foi o vento. Um ciclone atingiu a região, de acordo com os meteorologistas.

Fato concreto à parte, pode-se compreender a foto como um símbolo do início da derrocada do bolsonarismo.

Como bem notado pela linguista Letícia Sallorenzo na edição do Essencial da DCM TV dessa segunda-feira, antes os atos bolsonaristas eram convocados simultaneamente para todo o país  e, agora, somente em uma cidade e sempre com a presença física do “Mito”. Demonstrações que se querem como sendo de força, como o ato dos motociclistas nesse domingo (23) , são um indício dessa fraqueza.

Com a CPI e as denúncias de corrupção atingindo o governo, cai também a imagem de honestidade que Bolsonaro sempre insistiu em passar. A ideia de um governo moralmente superior aos demais caiu por terra.

Pode-se dizer que, com apenas dois anos de mandato, o eleitorado já está começando a mostrar a língua a Bolsonaro, tal como a garota da foto. Ato mal-educado mas que responde à altura a falta de liturgia do atual ocupante do Palácio Planalto em relação ao cargo que ocupa.

Tal qual a ventania de Capão da Canoa, há pequenos “ciclones” rodeando o Brasil na America do Sul. Ventos que vem da Colômbia, do Chile, da Bolívia: são fortes e apontam que há espaço para a retomada do caminho progressista que trilhávamos até o golpe de 2016.

E o Bob Dylan, onde entra nisso?

Lembre-se que o octogenário aniversariante da segunda-feira (24), como faz questão de nos lembrar o vereador Eduardo Suplicy,  sempre cantou que “a resposta está soprando no vento”.