
Duas revelações pessoais, de vivências no jornalismo, sobre informação em off. Nunca fui de pedir ou de ganhar informações em off. Não é um recurso da minha lida pedir que fontes me forneçam informações com a promessa de que não terão o nome revelado.
Conto o primeiro caso. No começo do julgamento do processo do mensalão, aí por 2012, Lula viajou a Porto Alegre sem avisar ninguém. Já não era mais presidente.
Descobri que ele iria se encontrar com Clóvis Ilgenfritz, que havia sido tesoureiro do PT, ex-deputado, um dos nomes histórico do partido no Rio Grande do Sul.
Eu era editor especial de Zero Hora e fazia tudo, em todas as frentes. Telefonei para um assessor de Lula, hospedado no Plaza São Rafael, e recebi logo a seguinte pedrada: “Não me peça off sobre a visita do presidente”.
Eu respondi: “Não peço, nunca pedi e não costumo pedir offs. Peço informação, se for possível”.
Não foi possível. Não recebi informação alguma. Mas na mesma noite, logo depois, telefonei para Ilgenfritz. E ele me disse como havia sido o encontro com uma pauta óbvia: a crise no PT provocada pelo mensalão.
Me contou tudo? Certamente não. Ninguém conta tudo. Mas Ilgenfritz me deu informações em on, que poderiam ser divulgadas e com o seu nome como fonte.
No outro caso, há uns 15 anos, descobri que o então deputado Eliseu Padilha tinha informações sobre um imbróglio no PSDB (ela era MDB, mas sabia de coisas dos tucanos, havia sido ministro de Fernando Henrique).
Padilha me deu a informação em off, em detalhes, por iniciativa própria, mas eu nem me lembro do caso. Um colega de Zero Hora me perguntou: tu vais confiar no Padilha?
Eu respondi mais ou menos assim: é o Padilha que tem que confiar em mim. E a informação foi publicada e nunca desmentida.

Conto essas duas historinhas banais para dizer que a decisão de Malu Gaspar, de dizer que Gabriel Galípolo deu informações em off sobre o caso Master a alguns veículos (seria ela mesma?), é uma baixaria do pior jornalismo. Serve de lição.
E eu retorno então ao assessor de Lula (que não interessa aqui revelar quem era) que não queria falar em on ou off comigo sobre a reunião em Porto Alegre. Talvez até porque não confiasse em mim.
Já Padilha, raposa da política, sabia que a informação sobre os tucanos era de interesse geral e que assim ele cometia, com o off, uma maldade contra interlocutores da política.
É assim que funciona. Ninguém dá informação em off sem que exista algum interesse em divulgar a informação. E jornalista não pega nada em off se não for uma informação relevante, mesmo como fofoca, com as exceções de sempre.
Sabemos também que nenhum jornalista pode cometer o deslize de revelar a fonte de informações em off. Se Malu Gaspar seguir em frente e divulgar mais informações sobre Galípolo ou qualquer outra fonte em off do caso Master, como já fez, a situação dela ficará incontornável.
Ninguém mais irá querer falar com Malu Gaspar. Até estagiário da Gazeta de Alegrete sabe disso.