
Empresários brasileiros e americanos estão otimistas com a possibilidade de redução de tarifas comerciais durante o encontro entre os presidentes Lula (PT) e Donald Trump, marcado para este domingo (26), na Malásia, conforme informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
Após meses de tensões e trocas de críticas, o clima nas reuniões preparatórias entre os dois países foi descrito como “positivo” e de distensão diplomática.
A aposta do setor privado é que a reunião resulte em um primeiro entendimento na área comercial, com algum anúncio de alívio tarifário. A principal dúvida, segundo negociadores brasileiros, está na abrangência dos produtos que podem ser beneficiados e na dimensão da redução das tarifas.
Trump indicou abertura para discutir o tema. “Sob as circunstâncias certas”, disse o republicano ao ser questionado sobre a possibilidade de reduzir as tarifas aplicadas ao Brasil. A fala foi dada a repórteres durante o voo presidencial rumo à Ásia.
Diplomatas brasileiros avaliam que uma eventual revisão das tarifas pelos EUA poderia representar alívio imediato para os exportadores brasileiros e abrir espaço para novos acordos de cooperação econômica entre os dois países.
Etanol no centro das negociações
Entre as alternativas discutidas, o etanol deve ocupar lugar de destaque na pauta. O Brasil pode reduzir tarifas de importação sobre o produto americano, uma medida vista como potencial “vitória política” para Trump, pressionado por seu setor agrícola após a queda das exportações para a China.
De acordo com dados oficiais, as vendas agrícolas dos EUA para a China caíram quase 40% entre junho de 2024 e junho de 2025. Representantes da indústria americana de etanol têm cobrado da Casa Branca ações contra as barreiras brasileiras, consideradas “prejudiciais e irracionais”.

“Essas barreiras têm sido altamente eficazes para alcançar os resultados desejados pelo Brasil”, afirmou Geoff Cooper, CEO da Associação de Combustíveis Renováveis (RFA), durante audiência na Comissão de Comércio Internacional dos EUA. “O Brasil já foi o maior importador mundial de etanol dos EUA, mas o mercado se desintegrou.”
Segundo ele, as exportações de etanol dos EUA para o Brasil caíram de 489 milhões para 28 milhões de galões entre 2018 e 2024, uma redução que coincidiu com a imposição de uma tarifa de 18% sobre o etanol de milho americano.
Investimentos
Outro tema em discussão é o aumento de investimentos brasileiros nos Estados Unidos, estimado em até US$ 7 bilhões no curto prazo, caso as tarifas sobre o Brasil sejam reduzidas.
Empresas brasileiras já mantêm operações em 23 estados americanos, com destaque para Flórida, Geórgia, Texas e Tennessee, e sustentam mais de 110 mil empregos diretos.
Essa pauta é vista pela Casa Branca como vantajosa politicamente, permitindo que Trump apresente a aproximação com o Brasil como prova de que sua política comercial traz resultados internos.
Terras raras
A reunião também deve incluir discussões sobre minerais críticos, especialmente terras raras, usadas em equipamentos de defesa, chips e veículos elétricos.
Na semana anterior, os EUA firmaram um acordo com a Austrália para ampliar o fornecimento desses materiais e reduzir a dependência da China, que controla 70% da mineração mundial e 90% do processamento. O modelo australiano pode servir de base para um entendimento com o Brasil, país que também possui reservas significativas.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, afirmou que o acordo com Washington apoiará um projeto de US$ 8,5 bilhões, com US$ 1 bilhão em investimentos conjuntos nos próximos seis meses.