O papa estará seguro em sua visita ao Brasil?

Atualizado em 17 de julho de 2013 às 19:19

A julgar pelas convocações de protestos do grupo Anonymous RJ, em tom de ameaça, não muito.

Ele
Ele

Com uma semana de antecedência, Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Exército, Polícia Federal e Vaticano demonstram preocupação com os protestos prometidos para a visita do papa.

A vulnerabilidade maior estaria na recepção que ocorrerá no próximo dia 22 no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense. Ali dentro, além de Jorge Bergoglio, estarão o governador Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo Paes e a presidente Dilma. Nitroglicerina pura, contra a qual os militares acreditam que o prédio não seja seguro. E todo cuidado será de fato pouco.

A conclamação para o “Ato na Recepção do Papa no Palácio Guanabara” feita pelo grupo Anonymous RJ com apoio de outros movimentos sociais tem, neste momento, 3.453 confirmações de presença para um total de mais 54 mil convidados. Faltando mais de uma semana para a data, isso não é pouco. Esse número cresce a cada minuto (durante minha redação para esse artigo ampliou em 134 adesões) e, em resposta à possibilidade da ABIN alterar o local da recepção, o movimento mostra-se despreocupado.

O tom é de ameaça e chantagem. “Pode mudar, nossos seguidores nos avisam. O bom de não ser um grupo é estar em todos os lugares. Ingênuo é quem acredita que não há gente na organização da Jornada Mundial da Juventude para nos informar a movimentação. São mais de 150 mil curtidores e um alcance semanal da página de mais de 3 milhões, temos gente em todo lugar”, dizem confiantes os administradores.

Seriam manifestantes infiltrados? Segundo o grupo, não se trata de infiltrados, mas de colaboradores que têm consciência de que “os protestos não são direcionados ao Papa, mas sim à nossa classe política. É expor à mídia internacional e a toda gente que vai estar na cidade, a política asquerosa daqui e, quem sabe, os absurdos policiais.”

Na pauta deste evento, estão elencadas as “causas”:

-Contra os gastos públicos de 180 milhões pela vinda do Papa;

-Contra permanência de Sérgio Cabral, Pesão e Paulo Melo no poder;

-Contra violência desmedida da polícia nos protestos;

-Pelo estado laico.

Algumas destas reclamações se somarão a outras na manifestação intitulada “Papa, Veja como Somos Tratados” agendada para o dia 26 de julho.

O papa corre riscos?

A decisão pelo carro mais aberto, que ele só utiliza em Roma para demonstrar a proximidade com o povo, é rara e isso obrigará a Polícia Federal a aumentar seu efetivo (estavam previstos apenas 40 homens). Ele mesmo só abriu mão do papamóvel blindado em uma viagem para a Ilha de Lampedusa até hoje.

“A principal segurança do papa é o entusiasmo, a tradição de paz e de fraternidade do povo brasileiro. Nós não estamos efetivamente preocupados, a não ser claro com aquilo que é a nossa obrigação de oferecer: apoio logístico, e de segurança a um chefe de Estado que é o que o papa representa e é”, disse o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.

A cordialidade do povo brasileiro é famosa. Apostar nela, nesses tempos, é arriscado. Deus nos proteja.