O dízimo do Pastor Everaldo no Jornal Nacional

Atualizado em 20 de agosto de 2014 às 23:56
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O pastor Everaldo é um caso de dízimo eleitoral.

No Jornal Nacional, o candidato do PSC à presidência falou da bolada recebida do PT (4,7 milhões de reais) em troca de apoio em 2010.

Depois de muita enrolação, explicou: “Não é, não é um toma-lá-dá-cá. Nós ficamos decepcionados pela maneira que foi formado o governo, que foi, contrariou os nossos princípios que o PSC defende. Nós defendemos a vida do ser humano, desde a sua concepção. Defendemos a família como está na Constituição brasileira. E vimos que a maneira que foi montado contrariava esses princípios, isso que nos decepcionou”.

Os princípios vão bem, mas, na época, a queixa do pastor era outra. Reclamou que o PC do B, com um deputado a menos, ganhou o Ministério do Esporte e a Agência Nacional do Petróleo, enquanto o PSC não mordeu nenhum cargo.

Everaldo gosta que dizer que inventou o embrião do bolsa-família. Foi no período em que ocupou um cargo de subsecretário de Anthony Garotinho, então governador do Rio. 

Era responsável pelo programa “cheque-cidadão”, em que 25 mil cheques nominais eram distribuídos a famílias carentes que podiam trocá-los por uma cesta básica em supermercados.

Eles eram distribuídos em 674 templos e igrejas, dos quais 569 eram evangélicos. “Por que esse pastor Everaldo tem o controle sobre a distribuição dos cheques? O cheque do pastor é dinheiro público”, questionou Brizola na época.

Everaldo foi cabo eleitoral do mesmo Brizola em 1982 e atuou na campanha de Lula em 1989. O PSC esteve com o PT em 2002. Everaldo também deu seu apoio a Manuela D’Ávila, do PCdoB do Rio Grande do Sul.

Hoje se diz a favor da meritocracia, do empreendedorismo, do estado mínimo etc. Um legítimo liberal. Revelou que, eleito, privatizará a Petrobras. E que todo trabalhador que ganhe até 5 mil reais por mês estará isento do Imposto de Renda na fonte. Lembrando que sua igreja, a Assembleia de Deus, tem isenção fiscal.

Essa mudança de paradigma ainda não foi combinada entre os membros do partido. O presidente, Vítor Nósseis, tem na página do PSC um manifesto sobre o “socialismo cristão”, responsável por promover “esses conceitos de paz, justiça, distribuição de riquezas e preponderância do ser humano”.

O pastor Everaldo aparece na última pesquisa Datafolha com 3%. Não será eleito nem com a ajuda de Deus, mas o negócio é outro.