O perigo bate às nossas portas: não se pode negligenciar com o fascismo. Por Afrânio Silva Jardim

Atualizado em 18 de junho de 2019 às 7:19
Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro. Foto: AFP

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POR AFRÂNIO SILVA JARDIM

Posso ser acusado de radical, entretanto, trata-se de um sentimento que aflora independentemente de minha vontade. Quem já estudou o fascismo como eu, bem sabe do perigo que se está passando.

Na minha opinião, nada justifica dar respaldo a quem não tem o menor apreço pelos melhores valores cunhados por nosso sofrido processo civilizatório.

Nada justifica se relacionar com quem se declarou, reiteradamente, ser a favor da tortura de seus adversários políticos e lamentou que a ditadura militar não tenha matado mais pessoas, embora já presas e imobilizadas.

Recentemente, o ex-capitão truculento que, de forma absurda, ocupa a presidência do nosso país, declarou, em solenidade pública, que era preciso armar a população para reagir a um futuro governo que tenha ideologia diversa da sua.

Ademais, este controvertido cidadão já declarou, na Câmara dos Deputados Federais, que era a favor de uma milícia que estava matando no Estado da Bahia, sugerindo que ela fosse para o Rio de Janeiro. Aliás, é notória a ligação de seus familiares com este segmento marginal no Estado do Rio de Janeiro.

Notem que dei apenas alguns poucos exemplos das barbaridades que disse este ex-capitão truculento. No Youtube, estão publicados dezenas de vídeos onde ele mostra todas as suas bizarras concepções, que chegaram a espantar vários líderes da extrema direita mundial.

Não consigo entender ou admitir como todos assistem passivamente a este processo de turbulência e de futura violência.

A escalada do fascismo ao poder, em nossa sociedade, não pode ser encarada como algo normal, como algo comum ao cotidiano de todos nós.

O fascismo vai levar a nossa sociedade à perigosa convulsão social e vidas humanas poderão ser ceifadas no seio de provável turbulência.

O terror é quase que inerente ao fascismo. Historicamente, sempre fez parte de seus métodos e estratégias para incutir o medo na sociedade e colocá-la sob seu jugo.

Evidentemente que tudo isso vai desencadear uma reação violenta e, para ela, já devemos nos preparar. Em algum momento, o povo vence o medo e reage contra a opressão e o obscurantismo.

Tendo em vista esta trágica situação que estamos prestes a vivenciar, não posso deixar de ter total desprezo por todas as pessoas que fazem parte ou auxiliam, de alguma forma, este perigoso e perverso governo. Talvez possa se justificar a presença de alguns poucos militares, caso eles ali estejam justamente para controlar os impulsos fascistas destes grupos daninhos.

Concluo dizendo que eu jamais sequer apertaria a mão de pessoas que tenham concepções teóricas próximas do pensamento fascista. Da mesma forma, tenho total repúdio por quem esteja do lado da barbárie e da negativa dos valores que sempre me acompanharam por toda a minha existência.

Enfim, nego-me a travar qualquer tipo de relação amistosa com fascistas, simpatizantes ou seus colaboradores.

Contra este perigo é preciso denunciar e radicalizar. O passado nos ensina quais foram as nefastas consequências de tolerar a lógica da violência e de se acomodar diante de perigo tão letal para as nossas vidas e para a nossa civilização.

Com a coragem para vencer eventual medo, eu conclamo todos: vamos recusar e resistir, custe o que custar !!!