O perigo de a religião se misturar com a política. Por Afrânio Silva Jardim

Atualizado em 5 de outubro de 2018 às 7:13

Publicado originalmente na fanpage do autor

POR AFRÂNIO SILVA JARDIM, professor de Direito da UERJ

Tenho legitimidade para falar sobre esta questão, pois não sou católico e nem evangélico. Não tenho religião e, por isso, não tenho um lado para defender.

Entretanto, como cidadão democrático, vivendo em um Estado laico, sou a favor de que as várias religiões tenham ampla liberdade para desempenharem os seus cultos, uma tolerando as concepções e práticas da outra. É o que tem ocorrido em nossa sociedade, com raras exceções.

Por outro lado, sabe-se que a sociedade brasileira, no momento atual, está politicamente dividida. Os ânimos estão acirrados e a intolerância está sendo disseminada.

Desta forma, parece-me altamente prejudicial para a liberdade religiosa que as várias e importantes religiões venham a ser contaminadas pela intolerância política.

Para que isto não ocorra, é necessário que os respectivos líderes religiosos não induzam seus fiéis a tomarem posições políticas, não preguem o antagonismo e separação entre os irmãos. As religiões não deve reproduzir os conflitos sociais.

Se as religiões devem tomar alguma posição de caráter social é a de ficar do lado dos pobres e dos fracos, conforme o fez Jesus e seus reais seguidores.

Uma coisa é certa. Se as religiões assumirem posições político-partidárias, a intolerância política será dirigida a elas e vamos ter, em nosso país, conflitos e perseguições a estas correntes religiosas. Jesus não concordaria com nada disso. Pregação política nas igrejas não é uma prática cristã !!! Isto vale para todas os credos e religiões.