O perjúrio em flagrante de Moro. Por Fernando Brito

Atualizado em 20 de junho de 2019 às 21:48
Sérgio Moro(foto: AFP / PATRICIA DE MELO MOREIRA)

Publicado originalmente no Tijolaço

O diálogo revelado hoje por Reinaldo Azevedo, a partir das apurações do The Intercept, é melhor compreendido com um metáfora futebolística, como usei no post anterior, ao dizer que Moro havia “barrado” a procuradora Laura Tessler na audiência em que Lula seria interrogado:

12:42:34 Deltan – Recebeu a msg do moro sobre a audiência tb?
13:09:44  Não. O que ele disse?
13:11:42 Deltan-  Não comenta com ninguém e me assegura que teu telegram não tá aberto aí no computador e que outras pessoas não estão vendo por aí, que falo 13:12:28 Deltan (Vc vai entender por que estou pedindo isso)
13:13:31 Ele está só para mim. 
13:14:06 Depois, apagamos o conteúdo.
13:16:35 Deltan- Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem.
3:17:03 Vou apagar, ok?
13:17:07 Deltan- apaga sim
13:17:26 Apagado.
13:17:26 Deltan – Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela
13:18:11 Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No do Lula não podemos deixar acontecer.
13:18:32 Apaguei.

O juiz – tente pensar em termos futebolísticos – orienta um dos times a não escalar ‘fulano’.

Confrontado com uma pergunta direta sobre isso, feita pelo senador pelo Mato Grosso do Sul, Nelsinho Trad seu apoiador, Moro, sobre se Moro “se o ministro, então Juiz, participou ou não da substituição ou troca de agentes protagonistas desta operação”.  Se “deu orientação para que agisse de uma forma ou outra, trocasse A, B ou C”.

Aqui está o ponto no vídeo.

Sérgio Moro estava tão consciente de que não poderia responder sinceramente à pergunta que tergiversou, adimitindo que “talvez, eventualmente” pudesse estar dando conselhos “profisssionais” e, absolutamente ciente do que fizeram ao ponto de dizer que “esta pessoa” – embora o nome não tenha sido referido – “continuou participando de atos processuais”.

Nos seus amados Estados Unidos, a esta hora, Sérgio Moro estaria sendo preso por perjúrio.