
A revista The Economist destacou nesta semana um marco histórico: o número de pessoas obesas no mundo ultrapassou o de subnutridas.
Dados publicados na revista científica The Lancet mostram que mais de 1 bilhão de pessoas viviam com obesidade em 2022 — o dobro do registrado em 1990 entre adultos e quatro vezes mais entre crianças. O aumento ocorre com mais força em países de renda média e baixa, onde dietas tradicionais têm sido trocadas por alimentos ultraprocessados e baratos.
As estatísticas revelam contrastes extremos. Na Polinésia e na Micronésia, mais de 60% dos adultos estão obesos. Na Europa, a Turquia lidera entre as mulheres, e a Romênia, entre os homens. Nos Estados Unidos, 44% das mulheres e 42% dos homens têm índice de massa corporal (IMC) acima de 30. Até regiões historicamente marcadas pela fome, como partes da África e do Oriente Médio, enfrentam agora o avanço da obesidade.
A publicação lembra que o problema não deve ser reduzido à ideia de falta de disciplina individual. O corpo humano tende a conservar energia e resistir à perda de peso. Em um ambiente onde há abundância de alimentos calóricos e pouca atividade física, o resultado é uma epidemia silenciosa ligada a cerca de 4 milhões de mortes por ano.
Para The Economist, enfrentar a obesidade é um desafio político e cultural. É preciso ir além do tratamento: regular a indústria alimentícia, promover educação nutricional e criar condições que incentivem escolhas mais saudáveis. Um tema difícil de encarar — mas que o mundo não pode mais adiar.