
Um plano secreto elaborado há cerca de dois anos e meio pelo alto escalão do Exército alemão descreve como a Alemanha reagiria a um eventual ataque da Rússia antes de 2029. Segundo reportagem do jornal The Wall Street Journal, o documento, chamado “OPLAN DEU”, tem 1,2 mil páginas e detalha a mobilização conjunta de tropas da Otan em território alemão em caso de conflito. Os autores consideram que ações recentes atribuídas à Rússia elevaram a possibilidade de confronto.
De acordo com o jornal, o plano previa inicialmente que a Rússia só teria capacidade para atacar a Otan a partir de 2029, mas episódios de espionagem, sabotagem e violações do espaço aéreo europeu levantaram a hipótese de uma antecipação. Analistas citados pela reportagem afirmaram que um eventual cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia poderia permitir que Moscou acumulasse recursos para uma ofensiva futura contra aliados ocidentais.
O plano descreve rotas ferroviárias, rodovias, portos e pontos estratégicos por onde até 800 mil soldados da Alemanha, dos Estados Unidos e de outros países da Otan cruzariam o território alemão rumo ao leste europeu. A Alemanha seria o corredor principal para o deslocamento de tropas por causa da barreira natural dos Alpes. O documento também aborda como suprimentos seriam transportados e como militares seriam alojados durante a operação.

O relatório ressalta que parte da infraestrutura alemã demandaria adaptações para suportar a passagem de equipamentos pesados e comboios militares. O governo calcula que 20% das rodovias e 25% das pontes precisam de reformas, enquanto portos no Mar do Norte e no Báltico exigem investimentos avaliados em 15 bilhões de euros. O objetivo é permitir uso dual de estruturas civis e militares em situações de emergência.
Além da preparação logística, o OPLAN DEU cita a necessidade de ampliar parcerias com o setor privado. A reportagem menciona que empresas como a Rheinmetall participaram de treinamentos e chegaram a construir, em 14 dias, um acampamento para 500 soldados com áreas de abastecimento, refeitório e sistemas de vigilância. O exercício revelou limitações de terreno e infraestrutura, mas demonstrou capacidade de resposta rápida.
Os responsáveis pelo documento afirmaram ao Wall Street Journal que o plano busca dissuadir ataques ao deixar claro que a Otan teria condições de reagir de forma coordenada. O exército alemão considerou os avanços satisfatórios desde o início do projeto, iniciado em 2023, e avaliou que a preparação segue em ritmo considerado adequado pelas forças armadas do país.