O plano secreto dos EUA para capturar Maduro e recrutar seu piloto

Atualizado em 28 de outubro de 2025 às 11:33
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o general Bitner Villegas, seu piloto-chefe. Foto: Reprodução

Em um plano ousado, um agente federal dos Estados Unidos buscou recrutar o piloto-chefe de Nicolás Maduro, com a proposta de desviar secretamente o avião do presidente venezuelano para um local onde as autoridades americanas pudessem prendê-lo. Em troca, o piloto teria a promessa de uma grande recompensa financeira.

A reunião, feita em segredo em um hangar de aeroporto, deixou o piloto incerto, mas ele forneceu seu número de celular como um sinal de que poderia estar interessado em ajudar. Durante os 16 meses seguintes, o agente, Edwin López, insistiu, tentando manter o contato por meio de mensagens criptografadas.

Ações do tipo se intensificaram ainda mais após o governo Trump autorizar operações secretas da CIA no país. Em agosto de 2024, López aproveitou a recompensa de US$ 50 milhões oferecida pelo governo dos EUA para capturar Maduro, tentando utilizar isso para atrair o piloto.

A conversa entre eles, que foi registrada, fez parte de uma tentativa de convencê-lo a colaborar no plano. O piloto, no entanto, não revelou suas intenções, embora tenha dado seu número de celular ao agente.

A origem do plano remonta a abril de 2024, quando um informante se apresentou na Embaixada dos EUA na República Dominicana, trazendo informações sobre os aviões usados por Maduro. López, então adido da embaixada e agente da Homeland Security, sabia que a manutenção de aeronaves venezuelanas violaria as sanções americanas. Após localizar os aviões, ele percebeu que uma ação direta poderia ser possível com o piloto de confiança de Maduro.

López desenvolveu a ideia de persuadir o piloto a desviar os jatos de Maduro para os EUA, permitindo sua captura. Para isso, o agente obteve permissão para interrogar os pilotos de Maduro, incluindo o general venezuelano Bitner Villegas, piloto regular do presidente.

Villegas, membro da guarda de honra presidencial e coronel da Força Aérea, tinha acesso direto aos jatos usados para transportar Maduro para países como Cuba, Irã e Rússia.

Nicolás Maduro. Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters

Durante a entrevista com Villegas, López fez a proposta de que ele desviasse o avião de Maduro, oferecendo uma recompensa financeira e uma promessa de adoração popular. O piloto, embora inicialmente relutante, deixou claro que estava interessado ao dar seu número de celular a López. No entanto, ele não se comprometeu, e o plano não avançou.

López e outros agentes continuaram a perseguir o piloto, enquanto o governo dos EUA tomava medidas legais para apreender os jatos de Maduro. Um dos aviões foi confiscado em setembro de 2024, e outro em fevereiro de 2025.

Em um movimento de pressão, López também revelou informações sobre o “tesouro de inteligência” encontrado a bordo, incluindo detalhes sobre a força aérea venezuelana, mas a situação diplomática se complicou quando o governo venezuelano acusou os EUA de “roubo descarado”.

Mesmo após sua aposentadoria, López não desistiu. Ele continuou tentando convencer Villegas, trocando mensagens com o piloto até o último momento. Suas conversas indicavam uma obsessão por “levar Maduro à Justiça”, com táticas de persuasão e manipulação emocional, dizendo que o venezuelano poderia se tornar um herói para o país.

Após meses de tentativas infrutíferas, López recebeu uma resposta agressiva de Villegas, que o chamou de “covarde” e afirmou que os venezuelanos não seriam traidores. Isso levou o americano a intensificar suas estratégias, incluindo provocação pública do general nas redes sociais, na tentativa de pressioná-lo.

Em setembro, Villegas decidiu aparecer em um programa de TV e demonstrar total lealdade a Maduro.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.