“O prazer é momentâneo, a posição é ridícula e a despesa, condenável”

Atualizado em 3 de março de 2015 às 0:14

image

Hora de dormir. Escolho um entre os vários livros que estou lendo. Férias de Natal, de Somerset Maughan. Bom entretenimento. Maughan era um contador de histórias notável.

No romance, passado quando a União Soviética parecia florescente, Simon é um jovem inglês devotado à causa comunista. Despreza o modo de vida burguês. Me fixo numa passagem, e paro por uns momentos para refletir. Simon diz para seu amigo Charley, um ingênuo: “Chesterfield disse a palavra definitiva a respeito das relações sexuais: o prazer é momentâneo, a posição é ridícula e a despesa, condenável.”

Chesterfield foi um político e pensador inglês do século XVII. Grande frasista. Uma de suas melhores tiradas diz respeito aos homens e à moda. “É um absurdo um homem se preocupar com as roupas que vai vestir, mas mais absurdo ainda é não se preocupar”, disse ele. No que diz respeito ao sexo, ele não foi original. Marco Aurélio, o imperador filósofo dos romanos, disse coisa parecida. Sexo, segundo Marco Aurélio, é troca de fluidos em posição ridícula.

Fecho o livro e os olhos. Penso por um instante na posição do amor, e me vejo na dúvida sobre se é ridícula ou não. Rio comigo mesmo, e tento dormir.