O prefeito Eduardo Paes ligaria para um carioca anônimo para pedir desculpas?

Atualizado em 25 de julho de 2013 às 19:59

Beatriz Segall tomou um tombo e desistiu de processar a prefeitura após um telefonema de Paes.

beatrizsegall

A atriz Beatriz Segall, de 87 anos, tomou um tombo em frente ao teatro onde está encenando a peça O Tempo e os Conways. Ficou com um hematoma enorme. O tropeço foi nas pedras portuguesas nas imediações da casa de espetáculos, que estavam soltas.

Beatriz reclamou publicamente, sites de celebridades e revistas repercutiram o acidente. Sua foto com a face inchada e roxa foi publicada em todo lugar. Ameaçou processar a prefeitura.

E então o prefeito Eduardo Paes lhe telefonou para pedir desculpas — em nome da cidade.

“A fama nos dá o dever de agir quando possível. E foi por isso que optei expor o que houve comigo”, disse ela. “Ele se mostrou bastante consciente do problema das calçadas e disse que vai tomar providências, que esta será uma prioridade daqui em diante”.

Beatriz fez o barulho que achava que devia fazer. Tem o direito de reclamar. Seu rosto machucado é uma imagem forte. Funcionou: a prefeitura carioca notificou o condomínio que seria responsável pela conservação da calçada. Não é preciso dizer que a rapidez em dar uma resposta ao caso só aconteceu por causa da repercussão.

Mas há outra questão: se não fosse uma atriz conhecida, o prefeito telefonaria? (Ele já havia feito menção ao caso na coletiva sobre o papa). Se fosse você, por exemplo: ele daria aquela ligadinha para pedir desculpas?

Existem cidadãos de primeira e de segunda classe e Paes deixa isso evidente. Ele não telefonou para a mulher do pedreiro Amarildo, desaparecido há mais de dez dias depois de ser levado por policiais para “averiguação”. Também não ligou para a família do ciclista atropelado e morto num cruzamento em Ipanema.

Foi um clássico do provincianismo. Se Paes queria quebrar o protocolo e mostrar que se importa as pessoas , está no Rio de Janeiro Francisco para lhe dar uma aula.