O prejuízo bilionário causado por desastres ambientais relacionados a mudanças climáticas em 2019

Atualizado em 28 de dezembro de 2019 às 9:33
Dólares. Foto: Wikimedia Commons

Publicado originalmente no site da RFI

Pelo menos 15 desastres naturais relacionados às mudanças climáticas causaram, cada um, destruição que custou mais de um US$ 1 bilhão, em 2019, e sete deles atingiram a marca dos US$ 10 bilhões, de acordo com uma pesquisa realizada pela ONG britânica Christian Aid.

“Os fenômenos meteorológicos extremos, alimentados pelas mudanças climáticas, atingiram todos os continentes em 2019, resultando na morte e no deslocamento de milhões de pessoas, e causando bilhões de dólares em danos”, afirma a ONG em estudo publicado nesta sexta-feira (27).

Com base na compilação de dados disponíveis em relatórios da ONU, estudos científicos e imprensa, a ONG lista 15 eventos – tufões, inundações, incêndios florestais – que causaram mais US$ 1 bilhão de dólares em danos.

Sete desses desastres causaram danos estimados em mais de US$ 10 bilhões: as inundações no norte da Índia e o tufão Lekima, na China (US$ 10 bilhões cada); o Furacão Dorian, na América do Norte (US$ 11,4 bilhões); as inundações de junho a agosto na China (US$ 12 bilhões); inundações no meio-oeste e sul dos Estados Unidos (US$ 12,5 bilhões); o tufão Hagibis, em outubro, no Japão (US$ 15 bilhões); e os incêndios florestais na Califórnia, de outubro a novembro (US$ 25 bilhões).

Vínculo com mudanças climáticas

“Cada um desses desastres tem um vínculo com as mudanças climáticas”, observam os autores do estudo. Por exemplo, na Argentina e no Uruguai, onde as inundações causaram danos de US$ 2,5 bilhões em janeiro, as áreas afetadas receberam chuvas cinco vezes maiores que a média, um ano depois de uma seca severa. Variações acentuadas pelas mudanças climáticas e solos secos agravam as consequências, em caso de chuva forte.

Outro exemplo, o ciclone Idai, que devastou uma cidade de Moçambique em março, foi, de acordo com os cientistas, reforçado pelo aquecimento do Oceano Índico, enquanto o aumento do nível do mar agravou as inundações que se seguiram. Já os estragos provocados pelo ciclone Fani, na Índia e em Bangladesh, em maio, são estimados em mais de US$ 8 bilhões.

A Christian Aid enfatiza, no entanto, que “de maneira alguma os números financeiros dão uma visão global da extensão desses desastres, especialmente nas consequências para as populações”.

Levando em conta as vidas humanas perdidas, a ONG enfatiza que “a imensa maioria das mortes foi causada por apenas dois eventos: as inundações no norte da Índia, com 1,9 mil mortes, e o ciclone Idai, em Moçambique, com 1,3 mil mortes. Lembrando que são as populações mais pobres que sempre pagam o preço mais alto pelas consequências das mudanças climáticas.

Maiores prejuízos financeiros em países ricos

“Por outro lado, os maiores prejuízos financeiros são registrados nos países ricos, como Japão e Estados Unidos, que sofreram os três eventos mais caros”, afirmou o relatório.

Em meados de dezembro, a resseguradora suíça Swiss Re tinha uma primeira estimativa anual avaliada em US$ 140 bilhões em perdas econômicas relacionadas a catástrofes e desastres humanos em 2019, contra US$ 176 bilhões em 2018.