O presidente Hans River. Por Fernando Brito

Atualizado em 16 de fevereiro de 2020 às 15:07
Hans River do Rio Nascimento depõe à CPMI das fake news no Congresso
Imagem: Jane de Araújo/Agência Senado

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Assisti, com atraso, quase todo o depoimento do tal Hans River do Nascimento na CPI das Fake News.

Talvez fosse melhor chama-lo de acinte, porque não foi a fala de uma testemunha, mas – além da agressão deliberada e vil a uma mulher e jornalista e, pior, claramente planejada e não apenas um rompante de irritação – uma descarada enrolação e inversão de fatos.

Enojante, numa palavra.

Então, assisto ao que seria, em tese, uma entrevista de Jair Bolsonaro, no Rio, sobre o caso da morte do miliciano Adriano Nóbrega e não há como evitar o assombro de constatar que, na forma verbal e mental, são idênticos.

Insolência, desvio das perguntas, tom agressivo, grosserias, comparações sem pé nem cabeça, acusações vagas ao “inimigo” – o PT, o PSOL e Wilson Witzel – e autovitimização.

Nos dois casos, a ciência do que indefensavelmente se fez foi convertida em arrogância de quem quer o papel de “perseguido”.

É provável que isso lhe baste nos 30% que o creem um mártir perseguido mesmo. Mas não fora daí.

No meio político – o que inclui boa parte da mídia – está ficando evidente um movimento de descolamento do presidente salpicado pelo episódio da fuzilaria.

Bolsonaro reage com barulho e não com a discrição que seria de boa valia para os que podem estender um cordão sanitário em torno dele: Sergio Moro, com sua PF, e o recém-ministeriado general Braga Netto.

Talvez porque cordões podem proteger, mas também podem prender e apertar.